quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EMPUXO

Cena 1 – A DESCOBERTA no Século III a.C - A Coroa de ouro de Hierão

Quando Hierão reinava em Siracusa, decidiu oferecer uma coroa de ouro aos deuses imortais. Contratou um artesão que, mediante uma boa soma em dinheiro e a entrega da quantidade de ouro necessária, se encarregou da sua confecção. O artesão entregou a coroa na data combinada com o Rei. Porém, apesar de a considerar executada com perfeição, este duvidou que contivesse todo o ouro que tinha entregue e suspeitou que o artesão tivesse substituído uma parte desse ouro por prata.

Para comprovar a sua suspeita, o rei encarregou Arquimedes de, com a sua inteligência, encontrar uma forma de provar a fraude.. Um dia em que Arquimedes, preocupado com este assunto, foi tomar banho, percebeu que à medida que entrava na banheira, a água transbordava. Subitamente, esta observação fez-lhe descobrir o que procurava. Ficou tão contente que saíu do banho e correu para a rua a gritar: Eureka! Eureka! (encontrei! encontrei!)
Com base nesta hipótese explicativa, pegou em duas massas com o mesmo peso que o da coroa, uma de ouro e outra de prata. Mergulhou a massa de prata numa taça cheia de água e mediu a água que transbordou. Retirou então esta massa, voltou a encher a taça, mergulhou a massa de ouro e voltou a medir a água que saíu. Com esta experiência pôde verificar que a massa de ouro não fez transbordar tanta água como a de prata e que a diferença entre as quantidades de águia deslocadas era igual à diferença entre os volumes da massa de ouro e da massa de prata em igual peso.
Finalmente, voltou a encher a taça, mergulhando desta vez a coroa, que transbordou mais água do que a massa de ouro de igual peso mas menos que a massa de prata. Calculou então, de acordo com estas experiências, em quanto a quantidade de água que a coroa desalojara era maior que aquela que deslocara a massa de ouro. Estava pois em condições de saber qual a quantidade de prata que fora misturada ao ouro e mostrar claramente a fraude do artesão.
O rei não deve ter ficado lá muito satisfeito com o ourives...
Teorema de Arquimedes
Todo corpo sólido mergulhado num fluido em equilíbrio recebe uma força de direção vertical e sentido de baixo para cima de intensidade igual ao peso do líquido deslocado.

Cena 2 – ERROS DA ENGENHARIA década de 70 - Um grande reservatório apoiado tem sua construção iniciada, em uma Cidade cujo lençol freático é quase aflorante em determinada época do ano.
Para surpresa geral, um vacilo de projeto (esqueceram de Arquimedes) provocou a flutuação do reservatório de 2.000 m³
                                                                Reservatório Enterrado
 Cena 3 – SUCESSOS DA ENGENHARIA 2.000 DC - Holanda - HOUSEBOATS, as casas flutuantes de Amsterdam
Prédio Flutuante 1

                                                                                                           Prédio Flutuante 2
Não por acaso se trata dos Países Baixos: a Holanda está sempre procurando formas de lutar contra a ameaça das águas. Sua nova arma são as casa anfíbias.

Durante séculos, os holandeses construíram diques para proteger-se do mar. Agora que se prevêem inundações mais freqüentes devido à mudança do clima mundial, resolveram aprender a conviver com o mar ao invés de mantê-lo à distância.

Essa mudança de atitude reflete-se num novo projeto de casas em Maasbommel, a cerca de 100 quilômetros a oeste de Amsterdã. É uma comunidade de casas anfíbias.

Ao contrário das casas flutuantes ancoradas nos canais holandeses, ou das aldeias flutuantes da Ásia, essas casas são construídas em terreno firme. Mas são projetadas para flutuar em caso de inundações. Elas foram fabricadas em madeira leve e com base de granito oca, o que permite a flutuação.

Sem partes fixas de cimento, a estrutura está apenas depositada sobre o solo e ajustada a postes de 5 metros de altura com anéis deslizantes, o que permite que acompanhe a subida da água. Todos os cabos elétricos e os encanamentos de água e saneamento são feitos em tubos flexíveis e vão dentro dos postes de sustentação.
“Elas são como qualquer outra casa”, diz o construtor, Has van de Beek. “A única diferença é que, quando sobe a água, sobe a casa.”

Por isso, durante períodos de subida das marés, os moradores precisarão de um bote para ir do dique, onde estacionam seus carros, até a casa.

Durante mais de mil anos, os holandeses desenvolveram técnicas para conter o mar e ganhar terreno sobre ele. Os vertedouros de terra e as bombas de desaguar, movidas por moinhos, criaram áreas secas roubadas às águas, chamadas polders, onde se ergueram cidades, pastos e campos de cultivo. Se não fosse por seu sistema de diques e canais, hoje metade da Holanda já teria submergido.

O país tem padecido de graves inundações na última década, especialmente em 1993 e 1995, que causaram danos de milhões de dólares. Em 1953, mais de 1.800 pessoas morreram durante uma inundação que é lembrada simplesmente como “o desastre”.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PRINCIPAIS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HIDRICA

PRINCIPAIS DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HIDRICA

A água pode afetar a saúde do homem através da ingestão direta, na preparação de alimento, no uso da higiene pessoal, na agricultura, industria ou lazer.

As principais doenças que a água pode veicular são:

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ÁGUAS CONTAMINADAS POR MICRORGANISMOS.

FEBRE TIFÓIDE
Sintomas - infecção bacteriana generalizada ,caracterizando-se pôr febre contínua, aparecimento de manchas róseas no abdômem, dor de cabeça, língua seca, constipação intestinal(prisão de ventre), diarréia, etc. Obs : É uma doença intestinal.

Transmissão - o homem infectado elimina pelas fezes e urina as bactérias ,constituindo as fontes de infecção. Os veículos usuais são: água contaminada, moscas, leite, alimentos, etc.

Profilaxia - tratamento da água de abastecimento. Disposição adequada dos dejetos humanos. Fervura ou pasteurização do leite. Saneamento dos alimentos, especialmente os que se consomem crus. Controle de moscas. Vacinação. Educação sanitária do público, etc.


FEBRE PARATIFÓIDE


Sintomas - infecção bacteriana, que com freqüência começa subitamente com febre contínua, manchas róseas no tronco e comumente diarréia.

Transmissão - análoga a febre tifóide.

Profilaxia - são as mesmas recomendadas para a Febre Tifóide.

Obs.: é uma moléstia do sangue e dos tecidos.

HEPATITE INFECCIOSA

Sintomas - infecção aguda que se caracteriza por febre , náusea, mal estar, dores abdominais, seguida de icterícia, perda de apetite, possibilidade de vômitos, fadiga, dor de cabeça, etc. É uma moléstia do sangue e dos tecidos.

Transmissão - o homem que é o reservatório pode eliminar o vírus da hepatite através das fezes e sangue. A transmissão ocorrerá ingerindo água, leite, alimentos, etc., contaminados. Também se transmite pôr sangue, soro ou plasma proveniente de pessoas infectadas que no caso de haver tomado injeção e a seringa não tendo sido bem lavada poderá contaminar uma outra pessoa sadia que pôr ventura venha usar tal seringa com resíduo de sangue do indivíduo infectado.

Profilaxia - saneamento dos alimentos, disposição adequada dos dejetos humanos, higiene pessoal, uso da água tratada, controle de mosca, etc. Prevenção quanto ao uso de seringas e agulhas não convenientemente esterilizadas. No caso de transfusão de sangue tomar cuidado se o doador está infectado.

POLIOMIELITE ( PARALISIA INFANTIL)


Sintomas - doença que se caracteriza pelo aparecimento de febre, mal estar, dor de cabeça, etc. e nos casos mais graves, verifica-se paralisia dos músculos voluntários, predominantemente dos membros inferiores.

Transmissão - a pessoa infectada(reservatório) elimina o vírus pelas fezes(fonte de poluição). A veiculação hídrica não é muito comum. A transmissão mais comum é pelo contágio direto e pelas gotículas do muco e saliva expelidas pelas pessoas infectadas.

Profilaxia - saneamento do meio ambiente. Imunização. Precaução no controle de pacientes, comunicantes e do meio ambiente imediato, etc.

CÓLERA

Sintomas - infecção bacteriana intestinal aguda que se caracteriza pôr inicio súbito de vômito, diarréia aquosa com aspecto de água de arroz, desidratação rápida, cianose(coloração azul da pele ), colapso, coma e morte.

Transmissão - o indivíduo infectado(reservatório) elimina pelas fezes ou vômitos as bactérias” VIBRIÃO COLÉRICO”, são transportados para o elemento sadio através dos veículos comuns : água contaminada, alimentos crus, moscas, etc.

Profilaxia - educação sanitária do público. Vacinação, Disposição adequada dos dejetos humanos. Proteção e tratamento da água de abastecimento. Saneamento dos alimentos. Fervura ou pasteurização do leite, etc.

ESQUISTOSSOMOSE ( via cutâneo - mucosa)


Sintomas - doença causada pôr verme(helmintos) que na sua fase adulta, vivem no sistema venoso do hospedeiro. Ocasiona manifestação intestinal ou do aparelho urinário. Diarréia. Dermatose. Cirrose do fígado. Distúrbios no baço, etc.

Transmissão - o homem é o principal reservatório, podendo ser também o macaco, o cavalo, os ratos silvestres, etc. A fonte de infecção é a água contaminada com larvas(cercarias), procedentes de certos gêneros de caramujos que são hospedeiros intermediários. Os ovos eliminados nas fezes e urina, chegando a água incorporam-se ao caramujo que após vários dias liberam em forma de cercarias as quais penetram através da pele do indivíduo que entrar em contato com a água.

Profilaxia - tratamento da água de abastecimento. Disposição adequada dos dejetos humanos. Controle de animais infectados. Fornecimento de vestuário protetor: botas e luvas para os trabalhadores. Educação sanitária das populações das

No Brasil, a esquistossomose é uma doença endêmica tida como rural até pouco tempo, decorrente da infecção humana por Schistosoma mansoni, um verme trematódeo adquirido nos contatos da população humana com ambientes límnicos contaminados por dejetos e colonizados por espécies suscetíveis de caramujos do gênero Biomphalaria, que a exemplo de outros agravos, apresenta claras tendências de urbanização na atualidade, como acontece nas áreas endêmicas existentes em território paulista.

Na essência, o controle dessa endemia depende do diagnóstico e tratamento dos portadores, do saneamento básico e da realização de obras de engenharia sanitária, tais como, aterro, canalização e limpeza de valas e córregos, por exemplo.

A par da possibilidade da redução dos riscos de desenvolvimento da doença com a aplicação da terapêutica, a eficiência do diagnóstico de laboratório depende da intensidade das infecções, condição que limita a capacidade resolutiva dos programas de controle, sem o incremento de melhorias no saneamento básico e do ambiente.

LEPTOSPIROSE

Agente - Leptospira, bactéria contida na urina de ratos infectados que pode ser transportada pela água contaminada e pelo lixo. É uma doença que ataca o fígado, baço e causa hemorragia.

DOENÇAS CAUSADAS POR TEORES INADEQUADOS DE CERTAS SUBSTÂNCIAS

CÁRIE DENTÁRIA

Agente - teor inadequado de flúor na água (teor abaixo de 0,6 mg/L );



Profilaxia - adicionar flúor em dosagem da ordem de 1,0 mg/L.


FLUOROSE DENTÁRIA
Agente - teor inadequado de flúor acima de 1,5 mg/L que causa escurecimento dos dentes;

Profilaxia - eliminar o flúor em excesso ou trocar de manancial.

Bócio


Agente - carência de iodo nas águas e nos alimentos;

Profilaxia - adição de iodo a água ou a algum alimento ( pôr ingestão do sal).Trocar de manancial. As quotas diárias exigidas pelo organismo humano, para conferir imunidade ao bócio variam de 10 a 300 mg/dia.

SATURNISMO


Agente - teor inadequado de chumbo ( deve ser inferior a 0,1 mg/L ). É causado pelo ataque de água agressiva ( com CO2 ) as canalizações de chumbo;

Sintomas Gerais – alucinações, envenenamento ( efeito cumulativo );

Profilaxia - controlar a agressividade da água. Evitar o uso de tubulação de chumbo ou de plásticos a base de chumbo.


ANCILOSTOMIASE:


DIARRÉIA

Os germes causadores de diarréia costumam chegar ao ser humano através da boca, podendo estar contidos na água ou alimentos contaminados.


Fatores que podem nos tornar vítimas de diarréias agudas:

beber ou ficar exposto à água não tratada

usar encanamentos furados

usar depósitos mal fechados ou sem limpeza regular

tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada

não limpar bem as mãos e os utensílios de mesa e fogão

ser negligente na higiene pessoal.




sexta-feira, 2 de setembro de 2011

MEDIÇÃO DE VAZÃO DO RIO QUEBÓ 2

Parte 2 – MEDINDO A VAZÃO DO RIO QUEBÓ

Sábado, temperatura 41 graus, um dia perfeito para um lazer, e lá estava eu na estrada rumo ao Rio Quebó; na noite anterior já havia conferido minha tralha e achava que não faltava nada, tudo conforme o Eng. que veio de longe.

Iniciamos nossa tarefa balizando um trecho reto do rio, e por nossa sorte este trecho estava exatamente no porto de banho da comunidade local, assim aumentamos nossa mão de obra voluntária.
                                                                                                                 Porto com acesso para banhistas
                                                        Trecho Reto do Rio – Água cristalina – Temperatura Externa 41 Graus
                                                                                                Sinalizando a secção de montante e jusante
                                                                                                 Secção de Montante e de Jusante balizada
                                                                                                              Fazendo a batimetria das secções
Com o resultado da batimetria de cada secção desenhamos o perfil em AutoCAD, e com a função “area” calculamos graficamente a área de cada secção, resultando em:

Secção de Montante: 4,4213 m²

Secção de Jusante: 4,1170 m²

Secção média: 4,26915 m²

O segundo passo da nossa medição, seria determinar a velocidade do fluxo no trecho em questão, e para este fim preparamos um flutuador que era solto a montante e medido o tempo que levava para percorrer a distancia de 4,0 m, entre a secção 1 e a secção 2. Fizemos dez medições, obtendo uma média de tempo igual a 7,225 segundos.

                                                                                                                                   Detalhe do flutuador
                                                                                         Flutuador solto a montante, e no meio do canal
                                                Flutuador próximo a linha de jusante, onde define-se o tempo de percurso
                                                                     Detalhe do Flutuador entre as secções de montante e jusante
Da Física temos que no movimento uniforme a velocidade é igual a razão entre o espaço percorrido e o tempo gasto para percorrê-lo, assim:


V = E / T onde:

E = 4,0 metros

T = 7,225 segundos logo:

V = 4/7,225

V = 0,55 m/s

Da famosa equação da continuidade da hidráulica ou equação de conservação da massa temos que:

“A vazão em um conduto, canal é igual ao produto da área da secção pela velocidade do fluxo”

Q = A 1.v1 =A 2.v2

Formulinha Antiga
Logo a vazão do Rio Quebó é dada por:

Amédio = 4,26915 m²

Vmédio = 0,55 m/s

Vazão = 4,26915 m² x 0,55 m/s = 2,35 m³ /s

Ou x 1.000 .....Vazão = 2.350 litros /s

Ou 8.460.000 l/hora Hummmm...um grande caudal, em uma data de estiagem (Agosto 2.011)

Missão Cumprida, o calor continuava 41 graus......e agora chegava a hora de dar uma refrescada no corpo, aí caiu a ficha, minha maleta estava incompleta, faltou um apetrecho para o banho, o recurso do pelado, ou de cueca nem pensar, o local era inadequado......prometi que na próxima medição o primeiro apetrecho que entra na mala é a roupa de banho.

      Muito suado, depois de trabalhar ao lado de um rio de águas límpidas, agora só almoçando                         um              peixinho para aliviar. (A esq. Ver. Silvestre)
                                              Hora do rancho, sem banho, mas refrescando numa cervejinha bem gelada

terça-feira, 30 de agosto de 2011

MEDIÇÃO DE VAZÃO DO RIO QUEBÓ

MEDIÇÃO DE VAZÃO DO RIO QUEBÓ

Parte 1 – PREPARATIVOS PARA A VIAJEM

Na rotina de trabalho do engenheiro projetista, inclui as inspeções de campo, visto que o mesmo deve ter como regra fundamental, que preliminarmente a qualquer projeto, deve-se fazer uma minuciosa inspeção de campo, onde devem ser registradas todas as peculariedades envolvendo o projeto.

E lá estava eu preparando para deslocar até o Rio Quebó, numa ensolarada manhã de sábado, quando lembrei-me de uma crônica escrita pelo eng. Manoel Henrique Campos Botelho, em seu livro “Manual de Primeiros Socorros do Engenheiro e do Arquiteto” em 1.984, e apesar de nossa evolução tecnológica, com GPS, Notebooks, Foto digital, entre outros, resolvi copilar a crônica a seguir como preâmbulo, de minha atividade de medição de vazão no Rio Quebó.

0 ENGENHEIR0 QUE VEIO DE LONGE

Um dia, por razões que cada leitor imaginará, uma firma de projetos em que eu trabalhava teve que contratar um engenheiro consultor estrangeiro. Eu chefiaria a equipe brasileira que acompanharia e daria suporte aos trabalhos desse engenheiro. A perspectiva de um trabalho comum foi encarada um pouco com curiosidade e um pouco com preocupação. O dito cujo foi recebido sem festas, mas também sem hostilidades. Havia uma expectativa no ar.

As coisas ficaram feias quando se decidiu o que ia o homem fazer: chefiar as equipes do levantamento de campo, quaisquer que eles fossem, levantamentos urbanos, hidrológicos, cadastrais, sedimentológicos, etc. etc. Trazer alguém de fora para conduzir levantamentos de campo?

E nós não sabíamos fazer levantamentos de campo? Mas ordens são ordens e iniciou-se o trabalho em comum. Foi marcada uma reunião do grupo do qual eu fazia parte, para planejar a inspeção do dia seguinte, referente ao levantamento urbano e populacional de uns bairros periféricos de São Paulo e que daria origem a um estudo demográfico e sanitário.

Na reunião, lá veio o personagem em pauta com uma conversa esquisita. Queria o dito cujo saber que roupa usaríamos na inspeção de campo (I), e queria conhecer a mala (?) de apetrechos que costumávamos usar nesses levantamentos. Não entendi a pergunta. Sempre fiz anotações de campo em folhas usando, como é lógico, uma caneta esferográfica que eu nem precisava levar, pois o motorista do carro sempre tinha uma em seu poder.

Quanto ã roupa da inspeção (?) que podia ser além de uma velha calça rancheira e uma eventual bota, que, aliás, era meio incomoda, face a um eterno prego que um dia eu ainda mandarei o sapateiro tirar. Mas até aí as perguntas do dito cujo eram só surpreendentes ou curiosas, mas não absurdas. Absurdo foi quando ele me perguntou se o roteiro do meu relatório de campo já estava pronto, pois o dele já estava,

Descobri tudo. Além de receber em dólares por uma inspeção de Campo, o danado já trouxera o relatório pronto (?). Como pode? Mas ordens são ordens como já disse, e como tenho dois guris para alimentar não botei a boca no trombone e me preparei para iniciar no dia seguinte o mais inusitado de todos os levantamentos de Campo da minha vida. — Uma inspeção de campo que já tinha relatório pronto?

 
As surpresas continuaram no dia seguinte. O "homem“ surgiu no local de encontro como uma figura ridícula. Chapéu de abas largas, calça com elástico na cintura, bombachas na perna, além de previsível bota (possivelmente sem pregos) e carregando uma misteriosa mala preta.

Como em geral esses homens não gostam de abrir as caixas pretas digo malas pretas, não perguntei o que tinha lã dentro. Saímos para a histórica inspeção. Andamos em ruas esburacadas e enlameadas e pulamos por cima de córregos poluídos, paisagens típicas de nossa pobre periferia, Tenho que reconhecer que calças com elástico na cintura dão maior mobilidade que calças com cintas de couro (questão de módulos de elasticidade diferentes dos dois materiais teria comentado o meu velho professor de Resistência de Materiais). Não pude, pelo exposto, acompanhar em todas as andanças o personagem em foco, pois eu não queria sujar demais minha calça nova de gabardine já que a minha calça rancheira estava lavando exatamente no dia da inspeção.

Tive que reconhecer intimamente que nessa questão é que o ridículo chapéu de abas largas realmente protege a cabeça quando o sol esta a pino?

Tão logo deslanchou a inspeção, começou a se abrir a enigmática mala preta. E não é que o homem tinha levado caderno, prancheta de mão, lápis de várias cores, borracha, escala, trena, cartões de visita, binóculo, termômetro, nível de mão, fio de prumo, bússola, canivete de mil e uma utilidades, e mapas da região? Neste ponto eu não falhara. Eu tinha levado minhas folhas soltas, e, como previa, não faltou caneta esferográfica, emprestada do motorista que nas horas de carro parado, preenchia mil volantes em branco da loteria esportiva na tentativa de cercar a zebra.

Como o último coelho que os mágicos tiram da cartola, o colega tirou da mala preta uma máquina polaróide e foi tirando fotos instantâneas dos locais visitados e escrevia no verso o que significava cada uma.

A inspeção ia bem. Eu procurava olhar e gravar tudo o que via, pois sou ótimo observador o consultor em oposto devia ter péssima capacidade, de julgamento, pois anotava tudo, media tudo e escrevia tudo no seu caderno sobre a prática prancheta de mão. Até alguns desenhos ele podia fazer face ao enxoval que trouxera. Ainda voltamos cedo para o escritório e decidimos começar a escrever o relatório da inspeção ao campo. Aliás quem ia escrever era só eu, pois o colega não já o tinha trazido pronto lã do hemisfério norte? Fui olhar de soslaio a sua famosa minuta do relatório. A minuta era um tipo de relatório padrão em que o relator devia tão somente preencher os claros e os dados faltantes como que seguindo um roteiro básico. O relatório padrão sugeria pois, que fossem preenchidas informações tais como: data, número de contrato, pessoas que participaram da inspeção, quilometragem de inicio e fim do uso do carro, ocorrência de chuvas, temperatura local, as plantas e mapas que orientaram os levantamentos etc., etc. É, dificilmente alguma coisa escaparia.

John terminou rápido seu relatório, anexando suas fotos e colocando tudo o que medira, registrara e anotara. O relatório dele ate que ficou bom. Quanto ao meu, bem ... decidi começar a escrevê-lo em casa, depois que as crianças dormissem.

Não escrevi o meu relatório, escrevi esta crônica.

Continuação: Medição de vazão no Rio Quebó



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PRODUTIVIDADE

PRODUTIVIDADE

“A Produtividade de um sistema organizacional é decorrente da eficiência e do rendimento da mão-de-obra direta envolvida na execução da tarefa.”



Na década de 70, iniciamos uma análise na produtividade da mão de obra envolvida, em algumas tarefas essenciais na Empresa de Saneamento, priorizando aquelas em que se concentravam o maior numero de operários. O primeiro grupo a ser avaliado foi os de OPERADORES DE RESERVATÓRIOS, sim isto mesmo que leram, e esta função existe até os dias de hoje, onde um grupo de profissionais se reveza para não deixar o reservatório extravasar, e ligar e desligar as bombas em horários programados; como se tratava de um “desperdício de mão de obra” iniciamos um trabalho de controle automatizado destas funções, que o tempo encarregou de deteriorar, e foi abandonado por falta de interesse e manutenção. Cuidar de Reservatórios é um trabalho entediante, e que leva a muito sono, além de que os profissionais envolvidos podem ser mais bem aproveitado e conseqüentemente melhor remunerado.


Outra função com grande numero de profissionais, é a de ENCANADORES, que operavam da seguinte forma: Um grupo que coubesse em um caminhão saia para o trabalho todos os dias a partir das 8:00h, e eram deixados em pontos distintos em função de cada tarefa, esses grupos eram constituídos em geral de um Encanador e um Servente, que eram recolhidos ao final da manhã, para almoçarem em sua base de trabalho. Neste método de trabalho o primeiro grupo que chegava, realizava o trabalho em alguns minutos, sentava na calçada e perdia-se precioso tempo de uma mão de obra importante para a Empresa, pois havia mais passeio com deslocamentos do que com efetivo serviço. A solução foi copiada da Sanepar, que foi a pioneira em criar equipes dimensionada para cada tipo de serviço, assim como viaturas apropriadas a estas atividades.
   Viatura com um encanador/motorista e um auxiliar, realizam 90% dos serviços de campo.



São inúmeras as situações em que a mão de obra, tem um aproveitamento improdutivo, e sem controle, gerando assim profissionais desmotivados, pois tanto faz a sua perseverança ou não, que o seu salário será sempre o mesmo; Instituímos então um bônus produtividade, durou enquanto os membros das áreas meio resolveram buscar o mesmo beneficio; afinal o operador é público. Em uma Empresa de saneamento o esforço deve ser concentrado nas áreas “fins”, e devem ser apoiadas pelas áreas “meios”. Assim teremos uma empresa produtiva, e com reais benefícios ao publico usuário dos serviços.

Infelizmente o poder público é ineficiente quando o assunto é produtividade, agilidade, e interesse coletivo, dando margem a que em uma transição entre poderes, a iniciativa privada melhore acima de 30% em todos os aspectos o desempenho da empresa, apenas com medidas administrativas.

A gestão da empresa concedida, não é uma questão de quem faz melhor, e sim a de quem pode fazer melhor e sem restrições. Nestas condições são reduzidos os custos operacionais, melhorado os serviços, e conseqüentemente a arrecadação, o que permite ter uma Empresa com uma TIR, superior a da empresa pública, e praticar uma tarifa igual ou inferior a em vigor.

Baixa Produtividade tem como conseqüência retrabalho, e dinheiro no ralo

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Existem duas formas de gerenciamento de um sistema de abastecimento de água, sendo o primeiro no escuro, e o segundo de forma automatizada.

a) Gerenciamento no escuro:

Neste modo de gerenciar, o achismo é preponderante, assim como a participação do usuário do serviço que “chia” quando as coisas vão mal, e a falta d’água ocorre em sua residência.

 
Administrar um sistema de abastecimento de água no escuro, é possível em pequenas localidades, com um único sistema de reservação, dois setores de abastecimento, e onde um vazamento não tem duração que prejudique o sistema. Porém nos grandes centros distribuidores, a ausência de controle conduz a extravasamentos de reservatórios, falta d água em setores que serão descobertos quando o “estrago” já é muito grande, gerado pela extensão do tempo de duração entre uma falha no sistema e a ausência total de água nos reservatórios domiciliares.

Um dos grandes problemas dos sistemas com expansão de redes no modo “quebra galho”, é o elevado diferencial de pressão entre setores de abastecimento, com prejuízo para o sistema de medição, alem de rompimentos de redes, por golpe de ariete em manobras de redes.

a) Gerenciamento Informatizado:

Dentre as propostas de melhorias de gerenciamento operacional, com o objetivo de reduzir perdas, e disponibilizar o produto sem necessidade de investimentos expansionistas, a AUTOMAÇÃO é a tecnologia que vem sendo aplicada no saneamento de forma produtiva, e com elevado relação custo x beneficio. Pois os investimentos na aplicação da automação, se justificam pelos resultados de melhoria no sistema de abastecimento, pois todo controle se dá em tempo real, além da redução do custo operacional.

Em um sistema com gerenciamento no “escuro”, quando o responsável pelo abastecimento de água da cidade é alertado por uma notificação do consumidor que está faltando água no bairro lagoa azul, no setor sul da cidade, a sua primeira providencia é enviar uma equipe para inspecionar o booster que alimenta o setor com falta d’água, e daí por diante é uma insana procura, por uma causa, que geralmente é, uma falha elétrica, uma falha mecânica, ou um rompimento, ou entupimento de rede pelo bloqueio de uma cunha de registro avariado, gasta-se com este procedimento um elevado tempo, e um desgaste com o público consumidor, que não aceita ficar sem água, que ocorre nos momentos em que ele mais precisa, exigido do mesmo uma despesa adicional com a aquisição de caminhões pipa.

Em um sistema Automatizado, com um investimento inferior a R$ 10.000,00 o sistema de controle estaria monitorando em tempo real, a pressão em um ponto critico do bairro lagoa azul, assim como o estado de funcionamento do Booster responsável pelo seu abastecimento, e ocorrendo uma ausência de energia, uma falha mecânica, ou um rompimento de rede, um sistema de alarme é acionado, e a equipe de manutenção é deslocada para fazer o reparo em tempo Record, e o usuário do sistema nunca irá perceber a falha, pois não haverá tempo de secar a sua caixa d água.

Observe a sobrecarga do custo da empresa que opera no escuro, deslocando pessoal, perdendo precioso tempo, e comprometendo o índice de atuação da empresa.

Por comando realizados por telemetria, várias unidades da empresa são monitoradas a partir de um único centro de controle, e os resultados positivos obtidos são notadamente visíveis em relação a redução de perdas, de custos operacionais, e de benefícios ao público consumidor.

Dentre estes controles é sugerida uma implantação progressiva, com destaques para os seguintes controles em regime prioritário:



a) Controle operacional de booster (Tempo de funcionamento, Liga/desliga, energia, pressão de trabalho, invasão)

b) Controle de pressão em pontos estratégicos da rede de distribuição (Pressão mínima, alarme, e máxima)

c) Controle de níveis dos centros de reservação (Nível mínimo, alerta, extravasamentos)

d) Instalação de válvulas de controle em pontos estratégicos da rede (Pressão, vazão)

 
beneficios imediatos com a automação
 
 Otimização de mão-de-obra e valorização do operador;



 Sistema livre de pagamento de taxas mensais / anuais;


 Economia de Energia através da otimização da operação;


 Monitoramento on-line 24h/dia;


 Análises de possíveis falhas;


 Menor custo de implantação;


 Maior flexibilidade de interfaceamento com painéis existentes;


 Diagnóstico por setores;


 Controle integrado;


 Sistema automatizado;


 Controle através de sistema supervisório;


 Manipulação de grandezas a distância;


 Outros.

Em suma, uma empresa que “opera no escuro”, tem um elevado custo operacional, representado pelo excesso de pessoal, elevado desperdício de energia, e custos de manutenção.

ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO

  ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO   A notícia foi estampada em diversos jornais, água contaminada em Barão de Melgaço   A CAUSA: ...