O
“SANEAMENTO BÁSICO” POR AÍ
O
conjunto de procedimentos que deveriam ser adotados em uma determinada região
visando a proporcionar uma situação higiênica saudável para os habitantes,
está cada vez pior em determinadas regiões do país.
Em
nosso enfoque vamos tratar exclusivamente do Serviço de Abastecimento de Água,
que é essencial a sobrevivência humana, matando a sede, higienizando o ambiente
da moradia, e do corpo humano.
Para
saciar a sede o ser humano em qualquer região do mundo possui a mesma
fisiologia, e necessidades diárias, sob pena de seu falecimento. A sede em
condições extremas pode ser saciada por um período curto, com seivas extraídas de
certas plantas, a urina, entre outros, porém em qualquer situação uma condição
é fundamental para o liquido que ingerimos, é que tenha SEGURANÇA SANITÁRIA,
que significa não ser vetor de nenhuma doença,
(ver: http://jorcyaguiar.blogspot.com.br/2011/09/principais-doencas-de-veiculacao.html)
A
regra geral é que toda água não tratada, é potencialmente possível de ser
contaminada, principalmente por fezes que estão presente nos mananciais
superficiais (rios, lagos...), assim como no manancial subterrâneo pois a
maioria dos poços acessam o lençol freático, que são águas oriundas de
infiltrações de chuva, de fossas, de rios, lagos...etc.
Regra
geral existe uma cultura da “água limpa”, ah, minha água é de poço e não tem
nenhum problema, é limpinha. Sim, mas não é limpinha as luzes do microscópio.
Certa
vez, visitando o município de Matriarca das Águas, conversava com o farmacêutico
da cidade, ele me dizia que a maior saída de remédios de sua farmácia era para
tratamento de giárdias, diarreias, e outras menores incidências devido ao
consumo de água de poços caseiros contaminados. Além de que o serviço público
não fugia desta realidade, pois também abastecia grande parte da cidade com a política
de água gratuita, porém sem nenhum tratamento.
No município de Nova Divisão, conversamos com D. Raimunda, ela usava água do poço caseiro, e nos chamou atenção o excesso de tranqueira por sobre o mesmo,
Ah,
esse é meu sistema anti roubo, pois se alguém tentar roubar a minha bomba, vai
ter que tirar tudo que está em cima, e daí eu escuto o barulho; genial, porém
os ratos também buscam este esconderijo, e ali urinam, soltam pelos, e o
resultado não é nada bom.
A verdade é que por conta da desinformação, e da ausência do poder público nas ações de saneamento, a população se vira como pode e o acesso mais fácil a água mesmo não sendo potável é o poço raso, que capta do lençol freático contaminado.
A verdade é que por conta da desinformação, e da ausência do poder público nas ações de saneamento, a população se vira como pode e o acesso mais fácil a água mesmo não sendo potável é o poço raso, que capta do lençol freático contaminado.
O
descaso com o saneamento é tão absurdo, que na cidade de Ancoradouro do Norte,
perguntamos ao operador porque a qualidade da água era tão ruim, recebi a
seguinte resposta:
“A
ETA, já não possui leito filtrante, os decantadores e floculadores não são
lavados há muito tempo, pois as válvulas estão estragadas, e a bomba de cloro
está queimada e não há recurso para arruma-la”, parece brincadeira, mas é
verdade, e a população amarga uma situação onde devido a presença de ferro na
agua bruta, aliada a uma elevada turbidez, recebe esta água para uso geral, e
compra água “mineral”, para consumo. E assim tem dois custos, o do serviço
público e o da aquisição de água para beber.
Há
quem diga que está perdendo os cabelos, por tomar banho com esta água
imprópria, o certo é que registros da secretaria de saúde demonstram que a
cidade é campeã, em doenças de origem hídrica.
E
sem nominar, algumas cidades possuem poços com água salobra, e como há um
discurso político de que “é melhor você ter uma água salobra e poder lavar
suas panelas, sua roupa e tomar banho, do que ficar sem nada, e o povo, é
claro diante da necessidade de sobrevivência, acaba bebendo desta água.
E
por falar em sal, dessalinizar é muito caro, e se o poder público não
consegue produzir água de qualidade necessitando apenas de fazer a desinfecção
com cloro, é inimaginável, que supere a barreira de fornecer água por meio de
dessanilizadores.
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São
raras as localidades em que o poder público fornece água com qualidade, em
alguns estados do Norte, e parte do Nordeste do país, em alguns casos vira caso
de polícia, como na cidade de Estação, onde a cidade em estado de calamidade
com o abastecimentos de água, teve a verba enviada pelo governo federal, para
resolver o problema, totalmente surrupiada pela gestora municipal, e assim a
população vai continuar a sobreviver com água salgada e contaminada.
Área
da sonhada obra da Estação de Tratamento de Água, que deve o recurso desviado.
E
fruto do descaso com o Saneamento, estaremos muito longe de ver uma solução
para o abastecimento de água para todas as cidades com serviço adequado, e segurança
sanitária, falar em esgoto é utopia nas pequenas e médias cidades, pois se
constrói, e não há manutenção, vai resultar em desperdício de dinheiro, com
elevatórias paradas, redes entupidas e estação de tratamento de esgotos
assoreadas como em Soberana, que sonha com recursos do PAC 3, para resolver
problemas de investimentos.
A
tarifa dos serviços municipais, historicamente não remunera o agente público, permitindo
apenas ações operacionais, não gerando portanto receitas para
investimentos, que precisa do caixa, ou do Governo Federal, ou da iniciativa
privada.
O
sinal econômico já foi dado, A situação do saneamento básico no Brasil chega a
ser trágica, na Região Norte do País, só 1 em cada 7 domicílios é ligado
à rede, O prejuízo social dessa situação é imenso. Há estatísticas
abundantes e inequívocas sobre o impacto da falta de saneamento na mortalidade
infantil e na grande incidência de doenças transmitidas pela água não tratada
ou relacionadas à falta de esgotamento sanitário. Estudo recente do
Instituto Trata Brasil, por exemplo, mostra que a inadequação dos
serviços de saneamento no País provoca cerca de 75 mil internações por
infecções gastrointestinais por ano. Esses males reduzem a frequência escolar, afetando
o rendimento dos alunos. Estudos recentes mostram os efeitos prejudiciais sobre
a formação do cérebro dos fetos em razão da elevada frequência de doenças por
veiculação hídrica nas gestantes.
Cada
real investido no saneamento acarreta efeitos positivos que vão muito além da
própria área, propiciando não só menores gastos governamentais no sistema
público de saúde, como benefícios expressivos ao meio ambiente, à educação, ao
desenvolvimento regional e à economia como um todo.
É bem sabido também que o saneamento básico propicia a revitalização do espaço urbano. Quando uma área que não dispunha de água tratada e esgotamento sanitário passa a ter acesso a esses serviços, experimenta valorização imobiliária, transferindo riqueza para famílias carentes e beneficiando o conjunto da sociedade. (Fonte: Trata Brasil)
É bem sabido também que o saneamento básico propicia a revitalização do espaço urbano. Quando uma área que não dispunha de água tratada e esgotamento sanitário passa a ter acesso a esses serviços, experimenta valorização imobiliária, transferindo riqueza para famílias carentes e beneficiando o conjunto da sociedade. (Fonte: Trata Brasil)
Em
matéria de recursos, o volume de investimentos realizado anualmente no setor é
insuficiente para alcançar a meta, mesmo que modesta, do Plano Nacional do
Saneamento previsto em 2007: universalizar os serviços básicos até 2033. A
média anual de investimentos do período 2010-2014 foi de R$ 10 bilhões,
inferior aos R$ 15 bilhões exigidos pelo cumprimento da meta. Mantida a média,
a universalização seria alcançada apenas em 2050. E O POVO, Ó! como dizia o
saudoso Chico Anízio