DRENAGEM URBANA - Parte 2
Nosso relato tem
início no remoto ano de 1962, quando foi eleito prefeito de Rondonópolis o
Engenheiro Sátiro Pohol Moreira de Castilho (in memoriam), tendo administrado a
cidade até 1966.
Neste período com uma visão técnica,
Sátiro investiu exclusivamente em infraestrutura de DRENAGEM, e
consequentemente FOI CONDENADO NAS URNAS no pleito seguinte, porque não atendeu
os anseios da população que exigia ASFALTO nas ruas da cidade, cujo mérito
ficou para o seu sucessor que encontrou a infraestrutura pronta.
E hodiernamente, assim continua…pois
qualquer Prefeito que fizer uma pesquisa em sua Cidade, vai receber como
resposta prioritária da população o desejo de ter a sua rua ASFALTADA. A dona
de casa, que faz faxina diária, em uma rua empoeirada, esquece da saúde,
segurança, escola, transporte, e só lhe vem à mente o ASFALTO.
E não temos mais executivos com perfil do
Engenheiro Sátiro, e a pavimentação da rua sai geralmente sem a infraestrutura
necessária de drenagem, algumas vezes faz-se um quebra galho e pronto, pois se
for fazer drenagem, encarece a obra, irá faltar recursos para mais ruas e assim
vai-se fazendo o que o povo quer, e para o qual o julgamento na eleição será
fundamental.
O problema somente se torna relevante no
período de chuvas, onde as águas escoam superficialmente inundando ruas e
calçadas, mas que são passageiras e incomodam menos que a antiga poeira das
ruas de terra e lama.
Em qualquer cidade do
Brasil onde não existe infraestrutura de esgotamento sanitário, o lençol
freático é muito encharcado pelo mar de merda que diariamente nele é lançado.
Imaginemos uma quadra típica de uma cidade com 25 residências, com 4 moradores
por residência e um percapita de 150 l/hab./dia. Assim, somente esta quadra
lança no subsolo 12.000 l/dia de água servida, ou uma média de 480 l /
residência.
Nestas condições as
primeiras chuvas são suficientes para saturar completamente o solo, e quando a
área é impermeabilizada pelo asfalto, calçadas e quintais, temos uma grande
vazão superficial que avoluma nas áreas baixas obviamente, e que devem ser
dotadas de MACRO DRENAGEM, já que a micro drenagem foi suprimida.
Assim não se pode
falar em uma cidade segura contra inundações se foi suprimida a micro drenagem
por galerias.
É muito comum também na maioria das cidades, a supressão das
bocas de lobo pelos moradores que se sentem incomodados com o esgoto lançado
nas galerias de águas pluviais, e que se tornam sépticos e emanam odor muito
forte, daí tudo o que se investiu em drenagem fica sem função, e durante as
chuvas irão ocorrer as inundações das ruas.
Daí a solução é a construção de
redes de esgoto, e liberar as bocas de lobo para a drenagem superficial das
vias.
Mas também há os
casos em que, se escolhem terrenos desvalorizados, e se constroem, bairros nos fundos de vale, aí a situação da
drenagem fica mais onerosa, do que construir um novo bairro e deslocar os
moradores.
PORTANTO A
URBANIZAÇÃO DAS CIDADES DEVE SER SEMPRE PLANEJADA EM CONJUNTO COM A DRENAGEM.
POIS ASFALTO SEM DRENAGEM É POTENCIALIZAR OS PROBLEMAS DE INUNDAÇÕES.