METADE DAS OBRAS DE SANEAMENTO DO PAÍS ESTÁ PARADA,
ATRASADA OU SEQUER FOI INICIADA
TCU APONTA QUE 57% DE 491 CONTRATOS DO PAC TÊM
PROBLEMAS DE ANDAMENTO
O GLOBO acompanhou três projetos de
saneamento básico, em Brasília, que resumem as dificuldades do poder público em
fazer avançar a universalização da coleta, do tratamento de esgoto e do
fornecimento de água tratada. Por problemas diversos, da deficiência num
projeto de engenharia à falta de recursos e falhas na licitação, as obras pararam,
atrasaram ou nem chegaram a ser iniciadas.
NO BRASIL, 51,4% NÃO TÊM COLETA DE ESGOTO
No último dia 25 de março, o Tribunal
de Contas da União (TCU) aprovou os resultados de uma auditoria no programa de
água e esgoto do Ministério das Cidades, que repassa recursos do PAC por meio
da Caixa.
De
491 contratos analisados no fim de 2013, 283 (57,6%) se referiam a obras
paralisadas, atrasadas ou não iniciadas. Somente 58 (11,8%) foram efetivamente
concluídos.
Os contratos somam R$ 10,4 bilhões. O
valor das obras paralisadas, atrasadas ou não iniciadas soma R$ 6,6 bilhões, ou
63%. Só os projetos parados correspondem a investimentos de R$ 1,4 bilhão.
O Nordeste concentra a maior
quantidade de contratos de obras paralisadas, atrasadas ou nem iniciadas. Quase
metade dos contratos analisados, 47%, está na região. Em seguida, o Sudeste,
com 27,7% dos contratos com problemas; o Centro-Oeste e o Norte, com 10,6%
cada; e o Sul, com 7%.
No Brasil, 51,4% das pessoas não têm
acesso a coleta de esgoto e 61% não sabem o que é ter o esgoto tratado, segundo
dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento de 2013. A falta de
acesso a água tratada é uma realidade para 17,5% da população. Se mantido o
ritmo de investimentos definido para 2011, o 1º ano de mandato da presidente
Dilma, a universalização dos serviços de esgoto só ocorreria em 2060 e de água,
em 2039.
Fonte: Vinícius Sassine - O Globo
Para facilitar o acesso do cidadão a
estas informações o Governo Federal disponibilizou um aplicativo denominado SISMOC – Sistema Integrado de
Monitoramento de Convênios.
E decorrente desta pesquisa, é possível
afirmar que em Mato Grosso, a estatística se repete, com uma situação que não
pode prevalecer, em decorrência do prejuízo ao erário público e a sociedade,
que fica privada de um benefício que se traduz em saúde.
Em nossa avaliação de cada 10 convênios
(Obras), seis estão paralisados, inacabados, atrasados, dois nem começaram, e
dois terminaram com pendencias operacionais, o que pode ser considerado um
absurdo.
Obras de Esgoto abandonadas
Obras de Água Abandonadas
Vejam este Vídeo http://migre.me/plMbr
PAC 2: somente 26% das obras de
saneamento foram concluídas
O baixo número de obras concluídas na
segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) também atingiu
as obras de saneamento básico. Apenas 26% das iniciativas do setor foram
finalizadas. Das 6.149 obras previstas, 1.600 foram efetivamente entregues.
O presidente do
Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, apontou a baixa qualidade das empreiteiras e a demora nas licenças ambientais por parte dos
Estados como pontos cruciais para a conclusão das obras de saneamento no
Brasil.
De acordo com o
presidente do Instituto, que avalia o desenvolvimento de obras de coleta e
tratamento dos esgotos, a grande burocracia
para os recursos chegarem às iniciativas atrasa o processo em cerca de dois
anos.
Carlos ainda
destacou a lentidão dos municípios ao realizar ações locais. “Dentre os
problemas estão a paralisação do tráfego para construção das redes e remoção de
habitações construídas em áreas destinadas às obras”, explica.
Do total, 1.209 iniciativas para a
melhoria do saneamento brasileiro estão no papel, ou seja, estão em estágios de
“ação preparatória”, “em contratação” ou “em licitação”. Essas iniciativas
representam 20% das obras a serem executadas. Outras 2.068 estão realmente em
andamento.
Os dados se referem
ao 11° Balanço do PAC 2 e englobam o que foi realizado entre janeiro de 2011 e
outubro de 2014. Esta foi a edição mais recente publicada pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
De acordo com o
Balanço, os investimentos federais em saneamento somam R$ 24,6 bilhões e devem
beneficiar 7,4 milhões de famílias em 1.886 municípios pelo Brasil todo.
O OUTRO LADO - INVESTIMENTO DECORRENTES DE CONCESSÕES E PPP
INVESTIMENTOS PRIVADOS EM SANEAMENTO CRESCEM
As concessões elevaram
significativamente o patamar de investimentos privados em saneamento básico,
considerado o "primo pobre" do setor de infraestrutura. A melhora
resulta da convergência de interesses entre agentes públicos e privados. De um
lado estão as metas de expansão da rede de água e esgoto. Do outro, a
oportunidade de assumir projetos com retorno considerado atrativo.
Em 2013, as cinco maiores concessões
totalizaram R$ 8,6 bilhões de investimentos contratados, conforme levantamento
feito pela Agência Estado. O montante é 240% maior que os R$ 3,6 bilhões de
2012, de acordo com dados da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas
dos Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). "O ambiente está mais
favorável para se investir", sintetizou Roberto Muniz, presidente da
Abcon, principal indutor dos investimentos foi o Plano Nacional de Saneamento
(Plansab), que estabeleceu metas e diretrizes aos Estados e municípios para
expansão da rede de água e esgoto nos próximos 20 anos.
Os investimentos estimados pelo governo
federal para o período são de R$ 508,4 bilhões. Os recursos devem ter como
fontes os agentes federais (59%) e
os governos estaduais e municipais, os prestadores de serviços de saneamento, a
iniciativa privada e os organismos internacionais (41%). "O poder público
já percebeu que não vai dar conta de fazer isso sozinho. Para atingir essas
metas, vai ter que convocar o capital privado", apontou Muniz.
A ampliação dos negócios está
relacionada à maior consistência dos projetos, com garantias e retornos
financeiros mais claros, na avaliação do vice-presidente da Associação
Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Newton Azevedo.
"Isso tem melhorado o "rating" dos projetos. Estamos vendo um equilíbrio
maior entre o que o governo quer e o que as empresas precisam para participar
do jogo", disse Azevedo.
Um sinal sobre o interesse do mercado é
que foram apresentadas propostas para todos os editais lançados para parcerias
público-privadas (PPP) em saneamento em 2013. No caso dos cinco maiores editais
- abertos por Compesa, Sabesp, Saneago, Copasa e Cesan - 17 empresas
participaram dos certames. As propostas vencedoras tiveram deságios moderados,
variando entre 3% e 22%. A exceção foi o projeto de Goiás, da Saneago, em que o
valor oferecido pela outorga foi 303% maior que o mínimo exigido.
Os recursos vêm, na maior parte, do
caixa das empresas e da emissão de dívida. Mais recentemente, o setor passou a
despertar também o interesse de fundos que buscam retorno no longo prazo.
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