(foto: O Cruzeiro/em/Arquivo)
Tudo começou em 1975,
logo após a minha graduação em Engenharia Civil, e a estatal do saneamento
básico em Mato Grosso, em fase de estruturação, para atendimento das demandas
do BNH/PLANASA.
Cuiabá não dispunha de mão
de obra, e havia necessidade de importação de técnicos de outros estados, e com
as primeiras turmas de engenharia da UFMT, esta lacuna estava sendo preenchida.
Uma sala modesta,
abrigava vários técnicos aprendizes, afinal naquela época, o ensino médio e
superior primava na condução dos profissionais para áreas tradicionais da
engenharia, e o saneamento restringia-se a cálculos hidráulicos residenciais,
porém o Brasil começava a viver uma nova era, a era do saneamento, que,
estabeleceu que até 1980 pelo menos 80% da população urbana teria
acesso ao sistema de água tratada e 50% aos serviços de esgotamento sanitário.
Em 1975 esta meta
foi revista ganhando um contorno espacial: além de 80% da população, 80% das
cidades brasileiras e regiões metropolitanas deveriam estar servidas com água
potável até 1980.
Não foram definidas
metas concretas para a coleta de esgotos e o seu tratamento foi totalmente
ignorado pelo Plano.
O resultado foi que o Planasa
permaneceu até 1986, quando foi formalmente extinto junto com o BNH, e
as metas, hum... as metas todos nós sabemos, nunca forma atingidas...
Nesta época, estava focado
em conhecimentos, e a concentração do conhecimento estava no estado de São Paulo,
que por meio da CETESB e SABESB que importaram técnicos e conhecimentos internacionais,
e os replicou para os demais estados brasileiros, éramos alunos assíduos dos cursos
por correspondência, e eventualmente presenciais como da época da introdução da
PITOMETRIA, no Brasil.
Com a falência do
modelo em 1986, iniciou-se a bancarrota das estatais, pois a conjuntura dos
anos oitenta interferiu em suas engrenagens. Surgiam problemas pelo lado
econômico, com a falta do crédito fácil do “milagre” levando companhias
estaduais e estados a se endividarem cada vez mais com a União.
Desde o fim do BNH, a
criação de uma nova política nacional ainda está essencialmente no campo do
discurso, e o “modelo Planasa” vai seguindo por inércia, mesmo sem um aparato
regulatório como o BNH por trás. É a estrutura dominante também nos anos
noventa, com as companhias estaduais de saneamento, o subsídio cruzado e a
dependência dos recursos do FGTS. (Vanessa Lucena Cançado
e Geraldo Magela Costa).
Em Mato Grosso, no
período do Governador Dante de Oliveira (1995 — 2002), a Empresa estatal
SANEMAT – companhia de Saneamento do Estado de Mato Grosso, encontrava-se
exaurida financeiramente, e a “beira da falência”, e algo precisava ser feito,
daí a solução foi um experimento junto ao Banco Mundial, que “financiou “ os
passivos trabalhistas, e assim em 1999, iniciou-se um processo de devolução aos
municípios, da concessão feita na época
do Planasa, chamou-se este evento de MUNICIPALIZAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO.
Interessante observar,
que um único município de mato grosso rejeitou a proposta de descumprimento
contratual, e permanece até os dias atuais como um Concedente, da Sanemat, que
perdura até hoje como Estatal do saneamento com uma única concessão.
Sem nenhuma exceção, os
municípios que passaram a operar os sistemas não tinham nenhuma cultura
operacional, de um empreendimento deste porte, e que lhes foi entregue com uma estrutura
operacional totalmente sucateada.... e depois de 22 anos, temos a seguinte situação:
·
Grande parte dos municípios promoveram
um processo de concessão, e com o auxilio dos recursos privados, conseguiram
manter um serviço adequado para a população.
·
Aqueles que permanecem sob a égide pública,
pouco evoluíram, e mantém um status operacional e financeiro igual ao do ano de
1999.
1. Acabar
com as estatais do saneamento
2. Promover
a Regionalização, por meio da concessão de blocos de municípios.
A nova lei traça metas
ousadas para a universalização do acesso aos serviços de saneamento:
·
Elevar de 83,6% para 99% o
total de brasileiros com água tratada à disposição no mesmo prazo.
o
Em Mato Grosso, temos muitos municípios que
ainda nem atingiram o limite inferior da meta, portanto deverá ser necessários
investimentos que não disponibilizam
·
Aumentar de 53,2% para 90% o
total de pessoas com acesso à coleta de esgoto até o final de 2033.
o
Com rara exceção todos os municípios não
concedidos, estão zerados no quesito esgoto
Sendo, portanto, previsível,
que será mais uma meta a seguir os rumos daquelas do Planasa, ou seja, inalcançável,
sem aporte de recursos por meio de concessões.
Porém no modelo jurídico
atual, temos mais uma grande barreira, que é a caneta dos legisladores
municipais, que utilizam de todos os meios possíveis, para impedir a
participação do capital privado no município, a demonização do privado
tornou-se uma barreira quase intransponível, mesmo utilizando todos os meios
legais, e assim a população vai sendo privada de um SERVIÇO ADEQUADO.
47 anos e ainda estamos
patinando no que concerne ao Saneamento Básico, onde nas cidades:
·
A água só chega a todos os consumidores
por meio de “gambiarras”
·
As perdas são evolutivas
·
O custo operacional dos serviços é subsidiado
pelo executivo
·
A Qualidade do serviço e da água é
precária
·
Abastecimento com caminhão Pipa
·
Elevado incentivo político para a inadimplência
·
Baixa qualificação profissional
·
Estruturas sucateadas
·
Falta d’água constante
·
Rodizio no Abastecimento
·
Inexistência de coleta e tratamento de
esgoto
·
Ingerências políticas no setor
·
Desconhecimento técnico de políticos e
juristas
Estamos muito distantes de atingir o status das Telecomunicações, e da Energia...., e assim passam os anos e as oportunidades do setor, quem viver verá.............
Audiência
Pública-Momento em que o Prefeito de posse da Autorização Legislativa, dá
conhecimento a População, das regras editalícia da Concessão.