Parte
1 - PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
A
Indústria da Água
Em todo processo industrial,
é imprescindível o acesso e extração da matéria prima, para a sua industrialização, ou polimento, e consequente transformação de um elemento da
natureza em um bem de consumo, factível de faturamento por meio de venda.
A nossa matéria prima é a
água bruta existente em abundancia nos mananciais, (aqui é uma dádiva divina),
e que devemos retira-la do meio natural, quer seja um Rio, ou lago, e
transporta-la, para a nossa indústria que denominaremos de ETA (Estação de
tratamento de Água).
Ao chegar à indústria a
nossa matéria prima irá passar por transformações, por ações físicas e
químicas, e tornar-se um produto industrializado que denominaremos de água
tratada.
No processo físico de
industrialização da matéria prima (água bruta), faz-se necessário a utilização
de uma fração ou da matéria prima, ou do produto já industrializado (água
tratada), para limpeza das unidades da indústria, esta fração de água
denominaremos de água de processo, assim se em um dia transportarmos para a
nossa indústria 2.000 m³
de matéria prima, estima-se que somente cerca de 90 %, efetivamente tornar-se-á
produto industrializado, ou água tratada. (Em indústrias modernas, a água de
processo é reutilizada, aumentando a fração de produto industrializado).
Pronto, agora temos
armazenados 1.800 m³ de um produto industrial pronto para ser vendido, e como
nossa venda é por meio de entrega a domicilio, devemos transportar o nosso
produto diretamente a cada unidade consumidora, por meio de nossas redes
subterrâneas, ou indiretamente por meio de nossos pontos de distribuição que
são nossos reservatórios.
Ao fim de cada ciclo de
venda que demora um mês, vamos totalizar nossa venda, auferindo cada medidor
instalado em cada ponto de consumo, e emitimos uma fatura individual a cada um
de nossos clientes, e para nossa surpresa, só conseguimos faturar 600 m³,
contabilizando ainda que muitos clientes só receberam o produto durante 15
dias, ou seja, tivemos um prejuízo de 50%, na nossa venda.
Comparado com um fabricante
de cerveja, ou refrigerante, é como se o mesmo tivesse produzido 1.800
garrafas, e no transporte tivesse deixado cair uma parcela, e na venda
entregado uma caixa, e recebido apenas o correspondente a meia, e o resultado é
claro, iria à falência, ou ficaria sempre inadimplente com os seus parceiros
comerciais de fornecimento de insumos para a sua indústria.
Em um sistema de
Abastecimento de Água, este prejuízo denominaremos de PERDAS, que pode ocorrer
em apenas duas situações:
1 – Perda no transporte do
produto (Água tratada) e
2 – Perda na venda do
produto.
·
A perda no transporte ocorre devido a apenas a
dois fatores que é o vazamento, podendo este ser Visível, ou não visível, e o
extravasamento.
O
vazamento visível é mais fácil de combater porque ele aflora no asfalto, ou no
passeio. O vazamento não visível drena para as galerias de água e infiltram no
solo.
O
extravasamento ocorre por ineficiência operacional.
·
A perda na venda do produto pode ser por
roubo, com desvio do medidor, ou por ineficiência do medidor.
Quando o nosso produto não
chega ao ponto de venda por extravasamento, ou vazamentos, visíveis ou não
visíveis, significa que houve uma PERDA FISICA, é agua tratada jogada fora, e
pela facilidade de seu combate ela é muito pequena em sistemas bem controlados,
e resume-se a cerca de 4 a 5%. Portanto no dimensionamento de minhas unidades
operacionais, eu devo considerar estas perdas, incrementando a minha ETA, meu
RESERVATÒRIO, e o DIÂMETRO de minhas redes.
Quando, porém deixo de faturar
por Ligações clandestinas, submedição de hidrômetro, Fraude em Medidores,
Subestimativa de volumes, em razão de ligações não medidas, ai temos o que
denominamos de PERDAS NÃO FISICAS e que representa valores astronômicos.
Portanto no dimensionamento
das unidades operacionais, devemos ter como meta no máximo 10%, para não onerar
a nossa infraestrutura, e para fins globais de comercialização aí sim adotarmos
25%.
Parte
2 – AVALIAÇÃO DE PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Achismos........
Chutometros.........
Estimativas..............
O valor do índice de perdas
em uma indústria é obtido pela seguinte expressão:
(Volume
Produzido – Volume Faturado)
Perdas =
------------------------------------------------------- x 100
Volume Produzido
Portanto para obtermos o
índice global de perdas devemos MEDIR o quanto produzimos, e medir o quanto
faturamos, e aí que começa o grande problema, pois na grande maioria dos
sistemas de abastecimento de água estes, não dispõe de instrumentação para
MACROMEDIÇÂO, que são instrumentos e técnicas, destinadas a medir grandes
volumes, quer seja na entrada do meu reservatório de estoque de água tratada,
quer seja na saída do produto para venda.
E não havendo medição,
inicia-se um processo de ESTIMATIVAS, onde pelo dado de placa das bombas da
captação é obtido a VAZÃO NOMINAL, dos equipamentos, que correlacionado ao tempo
é possível obter o quanto de volume de matéria prima chega em nossa indústria,
e ainda por estimativa, é deduzido a parcela de VOLUME DE PROCESSO necessário,
para manter a nossa indústria em operação, e a dedução desta parcela nos
fornece o volume produzido, e como geralmente não são computadas as paradas, as
variações da curva característica, entre outros fatores, este processo é
válido, porém deve ser levado em consideração o grau de confiabilidade.
O VOLUME FATURADO, é apurado
pela leitura dos micro medidores, e ESTIMATIVAS DE CONSUMO, em ligações não
medidas; daí resulta um valor que inclui as perdas físicas (vazamentos e
extravasamentos), e de faturamento, que em média no país é da ordem de 40,7 nas
empresas estaduais, que estão falidas e sem suporte para eliminação de perdas,
com reduzido parque de micromedidores, e de 36,60 em empresas municipais, que
também não levam muito a sério o programa de combate e controle de perdas, o
que é diferente em uma organização privada.
Nos sistemas sob concessão
citamos apenas dois casos, sendo o primeiro da pioneira Limeira no Brasil, onde
a cidade enfrentava um alto índice de perdas de água no sistema de
distribuição, e que foi reduzido de mais de 45% para cerca de 15%.
E o segundo o de Campo
Grande MS, Onde todos os grandes consumidores passaram a ser controlados por
telemetria. Todas essas medidas fizeram as perdas, que eram de 56%, caírem para
22%”, afirma José João Fonseca, presidente da Águas Guariroba. “Em três a cinco
anos, a meta é fazer o indicador melhorar ainda mais e chegar a 15%, com um
índice de fraudes, de 10%. Na metade da década passada, 30% das ligações de
água tinham alguma irregularidade.
Portanto a avaliação de
perdas deve estar solidamente incorporada a um programa de MACRO E
MICROMEDIÇÃO, pois sem estes dois programas, tudo é Achismo, Chutômetros e
Estimativas.