sexta-feira, 19 de setembro de 2014

PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA



Parte 1 - PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

A Indústria da Água

Em todo processo industrial, é imprescindível o acesso e extração da matéria prima, para a sua industrialização, ou polimento, e consequente transformação de um elemento da natureza em um bem de consumo, factível de faturamento por meio de venda.

A nossa matéria prima é a água bruta existente em abundancia nos mananciais, (aqui é uma dádiva divina), e que devemos retira-la do meio natural, quer seja um Rio, ou lago, e transporta-la, para a nossa indústria que denominaremos de ETA (Estação de tratamento de Água).
Ao chegar à indústria a nossa matéria prima irá passar por transformações, por ações físicas e químicas, e tornar-se um produto industrializado que denominaremos de água tratada.
No processo físico de industrialização da matéria prima (água bruta), faz-se necessário a utilização de uma fração ou da matéria prima, ou do produto já industrializado (água tratada), para limpeza das unidades da indústria, esta fração de água denominaremos de água de processo, assim se em um dia transportarmos para a nossa indústria 2.000 m³ de matéria prima, estima-se que somente cerca de 90 %, efetivamente tornar-se-á produto industrializado, ou água tratada. (Em indústrias modernas, a água de processo é reutilizada, aumentando a fração de produto industrializado).
Pronto, agora temos armazenados 1.800 m³ de um produto industrial pronto para ser vendido, e como nossa venda é por meio de entrega a domicilio, devemos transportar o nosso produto diretamente a cada unidade consumidora, por meio de nossas redes subterrâneas, ou indiretamente por meio de nossos pontos de distribuição que são nossos reservatórios.
Ao fim de cada ciclo de venda que demora um mês, vamos totalizar nossa venda, auferindo cada medidor instalado em cada ponto de consumo, e emitimos uma fatura individual a cada um de nossos clientes, e para nossa surpresa, só conseguimos faturar 600 m³, contabilizando ainda que muitos clientes só receberam o produto durante 15 dias, ou seja, tivemos um prejuízo de 50%, na nossa venda.

Comparado com um fabricante de cerveja, ou refrigerante, é como se o mesmo tivesse produzido 1.800 garrafas, e no transporte tivesse deixado cair uma parcela, e na venda entregado uma caixa, e recebido apenas o correspondente a meia, e o resultado é claro, iria à falência, ou ficaria sempre inadimplente com os seus parceiros comerciais de fornecimento de insumos para a sua indústria.
Em um sistema de Abastecimento de Água, este prejuízo denominaremos de PERDAS, que pode ocorrer em apenas duas situações:

1 – Perda no transporte do produto (Água tratada) e
2 – Perda na venda do produto.

·         A perda no transporte ocorre devido a apenas a dois fatores que é o vazamento, podendo este ser Visível, ou não visível, e o extravasamento.

O vazamento visível é mais fácil de combater porque ele aflora no asfalto, ou no passeio. O vazamento não visível drena para as galerias de água e infiltram no solo.
O extravasamento ocorre por ineficiência operacional.

·         A perda na venda do produto pode ser por roubo, com desvio do medidor, ou por ineficiência do medidor.

Quando o nosso produto não chega ao ponto de venda por extravasamento, ou vazamentos, visíveis ou não visíveis, significa que houve uma PERDA FISICA, é agua tratada jogada fora, e pela facilidade de seu combate ela é muito pequena em sistemas bem controlados, e resume-se a cerca de 4 a 5%. Portanto no dimensionamento de minhas unidades operacionais, eu devo considerar estas perdas, incrementando a minha ETA, meu RESERVATÒRIO, e o DIÂMETRO de minhas redes.

Quando, porém deixo de faturar por Ligações clandestinas, submedição de hidrômetro, Fraude em Medidores, Subestimativa de volumes, em razão de ligações não medidas, ai temos o que denominamos de PERDAS NÃO FISICAS e que representa valores astronômicos.

Portanto no dimensionamento das unidades operacionais, devemos ter como meta no máximo 10%, para não onerar a nossa infraestrutura, e para fins globais de comercialização aí sim adotarmos 25%.


Parte 2 – AVALIAÇÃO DE PERDAS EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Achismos........
                        Chutometros.........
Estimativas..............

O valor do índice de perdas em uma indústria é obtido pela seguinte expressão:

                               (Volume Produzido – Volume Faturado)
            Perdas =   ------------------------------------------------------- x 100
                                           Volume Produzido


Portanto para obtermos o índice global de perdas devemos MEDIR o quanto produzimos, e medir o quanto faturamos, e aí que começa o grande problema, pois na grande maioria dos sistemas de abastecimento de água estes, não dispõe de instrumentação para MACROMEDIÇÂO, que são instrumentos e técnicas, destinadas a medir grandes volumes, quer seja na entrada do meu reservatório de estoque de água tratada, quer seja na saída do produto para venda.
E não havendo medição, inicia-se um processo de ESTIMATIVAS, onde pelo dado de placa das bombas da captação é obtido a VAZÃO NOMINAL, dos equipamentos, que correlacionado ao tempo é possível obter o quanto de volume de matéria prima chega em nossa indústria, e ainda por estimativa, é deduzido a parcela de VOLUME DE PROCESSO necessário, para manter a nossa indústria em operação, e a dedução desta parcela nos fornece o volume produzido, e como geralmente não são computadas as paradas, as variações da curva característica, entre outros fatores, este processo é válido, porém deve ser levado em consideração o grau de confiabilidade.

O VOLUME FATURADO, é apurado pela leitura dos micro medidores, e ESTIMATIVAS DE CONSUMO, em ligações não medidas; daí resulta um valor que inclui as perdas físicas (vazamentos e extravasamentos), e de faturamento, que em média no país é da ordem de 40,7 nas empresas estaduais, que estão falidas e sem suporte para eliminação de perdas, com reduzido parque de micromedidores, e de 36,60 em empresas municipais, que também não levam muito a sério o programa de combate e controle de perdas, o que é diferente em uma organização privada.



 


 



Nos sistemas sob concessão citamos apenas dois casos, sendo o primeiro da pioneira Limeira no Brasil, onde a cidade enfrentava um alto índice de perdas de água no sistema de distribuição, e que foi reduzido de mais de 45% para cerca de 15%. 

E o segundo o de Campo Grande MS, Onde todos os grandes consumidores passaram a ser controlados por telemetria. Todas essas medidas fizeram as perdas, que eram de 56%, caírem para 22%”, afirma José João Fonseca, presidente da Águas Guariroba. “Em três a cinco anos, a meta é fazer o indicador melhorar ainda mais e chegar a 15%, com um índice de fraudes, de 10%. Na metade da década passada, 30% das ligações de água tinham alguma irregularidade.

Portanto a avaliação de perdas deve estar solidamente incorporada a um programa de MACRO E MICROMEDIÇÃO, pois sem estes dois programas, tudo é Achismo, Chutômetros e Estimativas.
 



terça-feira, 10 de junho de 2014

CARBONIZAÇÃO – TRANSFORMANDO O LIXO EM DINHEIRO

CARBONIZAÇÃO – TRANSFORMANDO O LIXO EM DINHEIRO


Carbonização é um processo químico de combustão incompleta de determinados sólidos quando submetidos ao calor elevado. O produto desta reação química é chamado de carvão.

Pela ação do calor, a carbonização remove hidrogénio e oxigênio do sólido, de modo que a matéria restante é composta principalmente de carbono.



CARVÃO

Carvão é um material sólido, poroso, de fácil combustão e capaz de gerar grandes quantidades de calor. Pode ser produzido por processo artificial, pela queima de madeira, como o carvão vegetal; ou originar-se de um longo processo natural, denominado carbonização, pelo quais substâncias orgânicas, principalmente vegetais, são submetidas à ação da temperatura terrestre durante cerca de 300 milhões de anos e transformam-se em carvão mineral. Em função da natureza desses processos, o carvão vegetal é também chamado de artificial, e o carvão mineral, de natural (BARSA,1998).



A carbonização é um processo conhecido há pelo menos 10.000 anos, porém este processo evoluiu muito pouco durante todo este tempo.

A carbonização pode ser definida como o processo cujo objetivo é aumentar o teor de carbono fixo na madeira por meio de tratamento térmico. Para que isso aconteça, é necessária a ocorrência de vários processos, tanto físicos como químicos.

De acordo com o Balanço Energético Nacional (2000) o carvão vegetal vinha tendo um decréscimo contínuo no seu consumo (8,6 milhões de tonelada em 1994 para 6,7 milhões de tonelada em 1998). A partir de 1999 o setor parece estar se revitalizando com um suave aumento de 0,2 milhões de toneladas, porém parece que essa condição de aumento tenderá a continuar. A explicação mais provável para isso é a desvalorização da moeda, tornando o preço do carvão vegetal mais interessante do que o do coque mineral, produto concorrente como fonte energética e redutor químico do minério de ferro durante a sua produção nos altos fornos do setor siderúrgico.

A siderurgia é responsável pelo consumo de 85% do carvão vegetal, enquanto que os outros 15% são consumidos nas residências. Considerando o grande consumo siderúrgico, a qualidade do carvão se torna importante para agregar valor ao produto final (ferro-gusa). O que torna o setor siderúrgico grande consumidor de carvão, movimentando este setor da economia. Balanço Energético Nacional (2000)

Ambientalmente o carvão vegetal leva grande vantagem em relação ao carvão mineral uma vez que é proveniente de uma fonte renovável.

CARBONIZAÇÃO

A carbonização pode ser definida como o processo cujo objetivo é aumentar o teor de carbono fixo na madeira por meio de tratamento térmico. Para que isso aconteça, é necessária a ocorrência de vários processos, tanto físicos como químicos. Alguns autores relatam que o processo de carbonização pode ser entendido ao se estudar o comportamento dos três principais componentes da madeira: a celulose, as hemiceluloses e a lignina. Compreendendo o comportamento desses componentes, é possível compreender como se realiza a carbonização.

Durante o processo de carbonização da madeira, o carvão é apenas uma fração dos produtos que podem ser obtidos. Caso sejam utilizados sistemas apropriados para a coleta, também podem ser aproveitados os condensados pirolenhosos (líquido pirolenhoso) e os gases não condensáveis. A prática mais completa e eficiente, quando, além do carvão vegetal (resíduo) são aproveitados os condensados e os gases não condensáveis da madeira denominam-se “denomina-se destilação seca”, podendo ser implantada a partir da utilização de retortas ao invés dos fornos convencionais.

A carbonização pode ser representada de maneira simples como:

MADEIRA + CALOR = CARVÃO VEGETAL + VAPORES CONDENSÁVEIS + GASES INCONDENSÁVEIS

Conforme ALMEIDA (1982) o processo de carbonização pode ser dividido em quatro fases distintas:

1 – SECAGEM: Que consiste na evaporação da água contida na madeira sob as formas:

• Higroscópica, no interior das fibras: até 110oC.

• Absorvida pelas paredes das células: de 110 o C a 150 o C

• Quimicamente ligada – de 150º C a 200oC

2 – PRÉCARBONIZAÇÃO: Fase endotérmica do processo no qual uma fração do licor pirolenhoso e pequenas quantidades de gases não condensáveis são produzidas – de 180oC a 200oC até 250oC a 300oC.

3 – CARBONIZAÇÃO: Período caracterizado por uma reação exotérmica e violenta. A maior parte do alcatrão e ácido pirolenhoso são produzidos durante esta fase. De 250oC a 300oC.

4 – FASE FINAL: Período caracterizado por um aumento do teor de carbono no carvão e consequentemente um decréscimo no teor de materiais voláteis, com grande produção de alcatrão.

Os parâmetros que influenciam este processo são apresentados a seguir.

Temperatura Máxima Média

A temperatura de carbonização afeta de maneira diferenciada cada elemento químico da madeira.

Taxa de Aquecimento

A taxa de aquecimento pode ser definida como a velocidade que a temperatura se eleva num dado intervalo de tempo, enquanto a madeira é carbonizada. Pressão do Forno Durante o Processo

A pressão é um parâmetro de pouca influência para produzir carvão uma vez que praticamente todos os sistemas de carbonização trabalham com a pressão atmosférica.

FORNOS DE CARBONIZAÇÃO

Os fornos utilizados para a carbonização da madeira podem ser classificados das seguintes formas:

• Pelo Aquecimento:

o Fornos com aquecimento externo ou alotérmicos

o Fornos com aquecimento interno ou autotérmicos

• Pelo Mobilidade:

o Fornos fixos

o Fornos portáteis

• Pelo Continuidade:

o Fornos contínuos

o Fornos por carga ou batelada.

CARBONIZAÇÃO DO LIXO

Uma perene fonte de MATÉRIA PRIMA, para o processo de carbonização é o lixo urbano das Cidades, que em sua composição, dispensa a pré seleção e pode ser carbonizado, integralmente. E como resultado temos o seguinte FLUXOGRAMA DO PROCESSO.

Este é um processo simples, que ocupa pequenas áreas e agrega valor a destinação final do lixo, diferente dos aterros sanitários, que eternizam o problema, não constituindo um destino realmente final. Como se verifica no fluxograma, tudo vira produto comercial, e consequentemente fonte de 70% de toda renda obtida com o processo de carbonização, sendo que apenas 30% é resultado do processo de destinação final, como prestação de serviço ao poder publico.


Assista no vídeo a seguir um exemplo deste processo, relatado pelo Sr. Railton Faz.

https://www.youtube.com/watch?v=RCCQ43P3DHE#t=69

Processo de construção de um forno em uma indústria genuinamente mato-grossense.





sábado, 3 de maio de 2014

PLANO OBRIGATÓRIO DE SANEAMENTO BÁSICO

O Instituto Trata Brasil em conjunto da consultoria Pezco Microanalysis lançou na manhã de ontem, 29, o estudo “Diagnóstico da situação dos Planos Municipais de Saneamento Básico e da Regulação dos Serviços nas 100 maiores cidades brasileiras”, que teve como objetivo analisar o desenvolvimento dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) nos 100 maiores municípios do país, que se tornou obrigatório em 2007.



A Lei n. 11.445 trouxe novas diretrizes nacionais e definiu o planejamento dos serviços básicos como instrumento fundamental para se alcançar o acesso universal do saneamento básico. Todas as cidades devem formular as suas políticas públicas visando a universalização, sendo o PMSB o instrumento de estratégia e diretrizes. Os componentes do saneamento básico são o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.



Entretanto, em 2010, o Decreto n. 7.217/2010 regulamentou a Lei n. 11.445/2007 e prorrogou o prazo de entrega dos PMSB´s de 2010 para dezembro de 2013 ao estabelecer que a partir do exercício financeiro de 2014 a existência do plano seria condição para o acesso a recursos orçamentários da União (§2º, art. 26). Este prazo, porém, foi novamente prorrogado para o exercício financeiro de 2016 (Decreto Federal n. 8.211 de 21/03/14), passando valer a data final de entrega dos planos para 31 de dezembro de 2015. O Decreto vinculou ainda o acesso a recursos da União à existência de organismos de controle social até dezembro de 2014.



De acordo com o presidente executivo do Trata Brasil, Édison Carlos, a prorrogação da Lei é um desincentivo para os municípios que se empenharam para cumprir o prazo anterior. “Os planos não entregues prejudicam ainda mais a agilidade e o planejamento do saneamento básico nas cidades, que precisam atrelar os avanços às regras de ocupação do solo, expansão imobiliária e a proteção das áreas preservadas”. Os resultados presentes no estudo são preocupantes, pois pelas respostas adquiridas 34% das cidades não conseguiram fazer seus Planos no prazo de 2013 e somente 12% desses 100 municípios cumpriram todos os requisitos da Lei. Dos 66 planos informados, somente 34 contemplaram os quatro serviços do saneamento.



O estudo revelou que de 58 municípios que possuem planos elaborados com pelo menos esgotamento sanitário, apenas 26 responderam acerca da estrutura que dispõem para administrar o plano. 22 das 26 cidades terão estrutura exclusiva para a administração dos planos. Alceu Galvão, coordenador da pesquisa, afirmou que “É grave o fato de 32 dos 58 municípios com planos ao menos para esgotos não terem respondido se possuem ou não estrutura para administrá-los. Sem estrutura específica os planos podem virar “instrumentos de prateleira”, além disso, a maioria destes planos está sendo aprovada por leis municipais e o não cumprimento das metas pode ser contestado pelos Tribunais de Contas e Ministério Público”.



É possível identificar que a Lei sancionada em 2007 promoveu avanços importantes no setor, assim como mostrou que mesmo tratando-se das 100 maiores cidades brasileiras os resultados são insatisfatórios.



Vale ressaltar que a função de Planejamento é o único papel indelegável do Prefeito, que é o titular dos serviços públicos de saneamento; diferente das responsabilidades sobre a prestação, a fiscalização e a regulação dos serviços, que podem ser delegadas (Lei 11.445/2007, art. 8º). A transparência é um dos princípios da Lei n. 11.445/2007, assim como a disponibilização dos planos na internet para que a sociedade possa acompanhar o atendimento das metas de universalização. Dos 58 planos elaborados contemplando ao menos os esgotos, apenas 39 tinham endereços eletrônicos onde os planos podem ser consultados.



Para acessar o material completo do estudo acesse: http://bit.ly/1mZPFkX


ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO

  ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO   A notícia foi estampada em diversos jornais, água contaminada em Barão de Melgaço   A CAUSA: ...