OPERAÇÃO
DE SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO
Uma
operação de sucesso, com redução de custos, eficiência, e elevado desempenho, é
resultante de um projeto bem concebido, e executado. O campo tem que reproduzir aquilo que se
projeta, mas infelizmente não é isso que ocorre na maioria das vezes,
principalmente porque não se complementa as obras com elementos essenciais a
operação, e sem esses dispositivos nada do que se projeta realiza na prática, e
daí começam as improvisações, gambiarras, prejuízos, elevados custos, e
insatisfação dos clientes.
Os
itens essenciais a uma operação eficiente e controlada são:
-
Hidrometração
-
Macromedição
-
Setorização da Distribuição
-
Cadastro de Redes e de Consumidores
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Automação
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Treinamento de pessoal
-
Controle de Perdas
-
Reservação e
-
Controle de Qualidade.
Hidrometração
Quando
um sistema é 100% hidrometrado, é previsível que os elementos de projeto
assumam valores no campo muito semelhante ao que foi concebido, principalmente
no que concerne a per capita, e pressões nos setores de abastecimento.
Porém
o mais comum, tomando como referência, estados de Mato Grosso, Maranhão, Pará,
e a Maioria do Nordeste, em 90% das cidades não existe a prática da
hidrometração nos serviços públicos de abastecimento de água, e quando existe é
parcial, e com elevada vida útil, e sem controle funcional, com excesso de
derivações clandestinas, e ou deteriorados.
Sem
o controle do Hidrômetro, é impossível ter uma operação eficiente e lucrativa.
Onde
a iniciativa privada está presente, a hidrometração é de 100%, pois deriva
desta ação, a redução de custos de todos os insumos operacionais, assim como a
postergação de investimentos em aumentos de produção.
Macromedição
A
macromedição é essencial, principalmente nas unidades de produção, pois é
determinante na dosagens de produtos químicos, e sem esta não há o que se falar
em controle de perdas, pois quando não se sabe o que se produz, não é possível saber
o que se perde.
O
comum atualmente é estimar o volume produzido, a partir dos dados de placas de
bombas, valor que varia ao longo de uma curva característica, e do tempo de
operação, que deve ser deduzido de paradas normais ou por falta de energia, ou
variações com lavagens de filtros, decantadores e floculadores, portanto sem
macromedição o que deriva dessa informação é estimativa.
Setorização da
Distribuição
A
rede de distribuição tem uma vida útil decorrente de vários fatores e dentre estes
a da pressão de operação, que afeta diretamente a vida útil e eficiência dos
medidores residenciais.
Operar
sem uma setorização de pressão, definindo zona de alta pressão, zona de média
pressão, e zonas de baixa pressão, ou no mínimo zona alta e zona baixa, faz com
que haja maior número de rompimentos, além de favorecimento ao desperdício e a
perdas por vazamentos não visíveis.
As
redes devem ser setorizadas preferencialmente na fase de projeto e execução e
na sua ausência quando o problema já está instalado, deve ser resolvido por
meio de instalação de válvulas redutoras de pressão.

Cadastro de Redes e
de Consumidores
O
conhecimento das características das redes de distribuição, como material,
diâmetro, posição, setor de distribuição é um dos maiores problemas na operação
de sistemas, principalmente pela demanda de tempo nas manutenções. O cadastro
geralmente é de domínio de funcionários jurássicos, que se valorizam por serem
uma biblioteca ambulante, “sem eles nada funcionam”, e são requisitado sempre
que um problema aparece.
O
cadastro se constrói ao longo do tempo, com informações decorrentes das
manutenções de rede, e deve ser posto no papel de forma que qualquer operador
possa ter domínio da situação, e possibilitar fazer previsões de estoque e
setorização.
Da
mesma forma todo cliente deve ser cadastrado e classificado conforme a sua
categoria de consumo, quer seja Residência, Comercio, Indústria, ou Serviço
Público, derivando destes as categorias sociais, filantrópicas entre outras.
Este conhecimento e manutenção do cadastro é de fundamental importância para o
sucesso da comercialização do serviço.
Automação
Automação
não é sinônimo de eliminação de pessoal, é sim gerenciamento com pessoal
especializado. Hoje o custo de um sistema não automatizado e decorrente de extravasamentos
de reservatórios, paradas de bombas tipo booster, extravasamentos de elevatórias
de esgoto, picos de pressão e depressão nas redes de distribuição, é muito
elevado e provocam reações em cadeia que podem ser evitadas com a instalação de
pequenos sensores de baixo custo e elevada eficiência.
Os
sinais de automação podem ser enviados por celular, ou via rádio, ambos de
baixo custo comparado com os benefícios decorrentes. Pode-se evitar os plantões
fixos com a utilização de um celular que recebe notificações quando ocorre
falta e energia em pontos essenciais, extravasamentos de elevatórias de esgoto,
ou reservatórios entre outros, o que garante uma rapidez nas intervenções sem prejuízo
do abastecimento e reclamações dos usuários.
Treinamento de pessoal
O
pessoal operativo em sistemas de abastecimento de água, são de características ímpar,
pois não existe aprendizado nas escolas, e possuem uma linguagem especifica do
setor: Fala-se em manobras, floculação, decantação, micromedição, Pitometria,
DBO, PH, Alcalinidade, evasão, faturamento, perdas.......além de manuseio de
produtos tóxicos, e que devem ser dosados em condições ideais, mediante
manipulação de equipamentos laboratoriais. Portanto devem ser treinados,
reciclados, monitorados, e testados continuamente.
Os profissionais devem ser
multifuncionais, evitando o máximo a especialização ou aqueles do tipo minha
responsabilidade é só isso, pois é possível uma classificação trabalhista, com
a função de operador de sistema, o que envolve tudo, tendo em vista a necessidade
de uma multiplicidade de informações muito grande e variada em um sistema de
água e esgoto.
Controle de Perdas
Saber
o quanto se produz, e o quanto se fatura é de fundamental importância na
administração do negócio. Produzir cem unidades e vender apenas cinquenta é uma
tônica nos serviços públicos brasileiros, e na maioria das vezes vende-se
apenas trinta, perde-se portanto até setenta e tudo bem.
Essa
perda pode ser decorrente de fatores físicos como vazamentos e extravasamentos,
que são visíveis, mas o que é significativo é a venda subfaturada, ou seja
entrega-se na casa de cada cliente uma quantidade muito superior ao que é
faturado. Essa perda ocorre pela falta de medidores domiciliares, pois quando
não é medido cobra-se pela área do imóvel, o que é ilegal, um absurdo e não tem
relação nenhuma com o consumo, pois muitos casebres consomem muito mais que
casas de um padrão superior.
Operar
assim é jogar dinheiro fora, pois tenho um elevado custo com energia elétrica,
produtos químicos, pessoal….
Não
é possível combater perdas sem conhecimento do que se produz por meio da macromedição,
e do que se vende por meio da micro medição.
Reservação
A
eficiência de um serviço de abastecimento de água está relacionada com o seu
volume de reservação disponível. Deve-se projetar um volume de reservação maior
ou igual a um terço da demanda necessária ao abastecimento diário, sendo que os
reservatórios devem ser setorizados por zonas de pressão.
Este
volume é necessário para suprir os picos de consumo nas horas e dias de maior consumo,
assim como possibilitar a economia de energia, operando o sistema apenas nas
horas em que reside o baixo custo de energia, é o que denominamos operação horo
sazonal.
Controle de Qualidade
O
controle de qualidade envolve a avaliação do serviço, assim como do produto
vendido aos clientes. O atendimento as pessoas devem ser o mais cortês possível,
com registros e ordenamento de prazos que devem ser cumpridos, e ou esclarecidos
amiúde.
Quanto
ao produto a legislação é bastante rigorosa, devendo ser feita rotineiramente
nos pontos de redes previamente selecionados e em quantidades adequadas ao número
de clientes.
Essas
rotinas devem ser informadas sistematicamente aos clientes, buscando uma
empatia e confiança no produto que estão consumindo, buscando principalmente a
redução de sua despesa com fontes alternativas para a água de beber, sem o uso
de água engarrafadas.
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