terça-feira, 30 de agosto de 2011

MEDIÇÃO DE VAZÃO DO RIO QUEBÓ

MEDIÇÃO DE VAZÃO DO RIO QUEBÓ

Parte 1 – PREPARATIVOS PARA A VIAJEM

Na rotina de trabalho do engenheiro projetista, inclui as inspeções de campo, visto que o mesmo deve ter como regra fundamental, que preliminarmente a qualquer projeto, deve-se fazer uma minuciosa inspeção de campo, onde devem ser registradas todas as peculariedades envolvendo o projeto.

E lá estava eu preparando para deslocar até o Rio Quebó, numa ensolarada manhã de sábado, quando lembrei-me de uma crônica escrita pelo eng. Manoel Henrique Campos Botelho, em seu livro “Manual de Primeiros Socorros do Engenheiro e do Arquiteto” em 1.984, e apesar de nossa evolução tecnológica, com GPS, Notebooks, Foto digital, entre outros, resolvi copilar a crônica a seguir como preâmbulo, de minha atividade de medição de vazão no Rio Quebó.

0 ENGENHEIR0 QUE VEIO DE LONGE

Um dia, por razões que cada leitor imaginará, uma firma de projetos em que eu trabalhava teve que contratar um engenheiro consultor estrangeiro. Eu chefiaria a equipe brasileira que acompanharia e daria suporte aos trabalhos desse engenheiro. A perspectiva de um trabalho comum foi encarada um pouco com curiosidade e um pouco com preocupação. O dito cujo foi recebido sem festas, mas também sem hostilidades. Havia uma expectativa no ar.

As coisas ficaram feias quando se decidiu o que ia o homem fazer: chefiar as equipes do levantamento de campo, quaisquer que eles fossem, levantamentos urbanos, hidrológicos, cadastrais, sedimentológicos, etc. etc. Trazer alguém de fora para conduzir levantamentos de campo?

E nós não sabíamos fazer levantamentos de campo? Mas ordens são ordens e iniciou-se o trabalho em comum. Foi marcada uma reunião do grupo do qual eu fazia parte, para planejar a inspeção do dia seguinte, referente ao levantamento urbano e populacional de uns bairros periféricos de São Paulo e que daria origem a um estudo demográfico e sanitário.

Na reunião, lá veio o personagem em pauta com uma conversa esquisita. Queria o dito cujo saber que roupa usaríamos na inspeção de campo (I), e queria conhecer a mala (?) de apetrechos que costumávamos usar nesses levantamentos. Não entendi a pergunta. Sempre fiz anotações de campo em folhas usando, como é lógico, uma caneta esferográfica que eu nem precisava levar, pois o motorista do carro sempre tinha uma em seu poder.

Quanto ã roupa da inspeção (?) que podia ser além de uma velha calça rancheira e uma eventual bota, que, aliás, era meio incomoda, face a um eterno prego que um dia eu ainda mandarei o sapateiro tirar. Mas até aí as perguntas do dito cujo eram só surpreendentes ou curiosas, mas não absurdas. Absurdo foi quando ele me perguntou se o roteiro do meu relatório de campo já estava pronto, pois o dele já estava,

Descobri tudo. Além de receber em dólares por uma inspeção de Campo, o danado já trouxera o relatório pronto (?). Como pode? Mas ordens são ordens como já disse, e como tenho dois guris para alimentar não botei a boca no trombone e me preparei para iniciar no dia seguinte o mais inusitado de todos os levantamentos de Campo da minha vida. — Uma inspeção de campo que já tinha relatório pronto?

 
As surpresas continuaram no dia seguinte. O "homem“ surgiu no local de encontro como uma figura ridícula. Chapéu de abas largas, calça com elástico na cintura, bombachas na perna, além de previsível bota (possivelmente sem pregos) e carregando uma misteriosa mala preta.

Como em geral esses homens não gostam de abrir as caixas pretas digo malas pretas, não perguntei o que tinha lã dentro. Saímos para a histórica inspeção. Andamos em ruas esburacadas e enlameadas e pulamos por cima de córregos poluídos, paisagens típicas de nossa pobre periferia, Tenho que reconhecer que calças com elástico na cintura dão maior mobilidade que calças com cintas de couro (questão de módulos de elasticidade diferentes dos dois materiais teria comentado o meu velho professor de Resistência de Materiais). Não pude, pelo exposto, acompanhar em todas as andanças o personagem em foco, pois eu não queria sujar demais minha calça nova de gabardine já que a minha calça rancheira estava lavando exatamente no dia da inspeção.

Tive que reconhecer intimamente que nessa questão é que o ridículo chapéu de abas largas realmente protege a cabeça quando o sol esta a pino?

Tão logo deslanchou a inspeção, começou a se abrir a enigmática mala preta. E não é que o homem tinha levado caderno, prancheta de mão, lápis de várias cores, borracha, escala, trena, cartões de visita, binóculo, termômetro, nível de mão, fio de prumo, bússola, canivete de mil e uma utilidades, e mapas da região? Neste ponto eu não falhara. Eu tinha levado minhas folhas soltas, e, como previa, não faltou caneta esferográfica, emprestada do motorista que nas horas de carro parado, preenchia mil volantes em branco da loteria esportiva na tentativa de cercar a zebra.

Como o último coelho que os mágicos tiram da cartola, o colega tirou da mala preta uma máquina polaróide e foi tirando fotos instantâneas dos locais visitados e escrevia no verso o que significava cada uma.

A inspeção ia bem. Eu procurava olhar e gravar tudo o que via, pois sou ótimo observador o consultor em oposto devia ter péssima capacidade, de julgamento, pois anotava tudo, media tudo e escrevia tudo no seu caderno sobre a prática prancheta de mão. Até alguns desenhos ele podia fazer face ao enxoval que trouxera. Ainda voltamos cedo para o escritório e decidimos começar a escrever o relatório da inspeção ao campo. Aliás quem ia escrever era só eu, pois o colega não já o tinha trazido pronto lã do hemisfério norte? Fui olhar de soslaio a sua famosa minuta do relatório. A minuta era um tipo de relatório padrão em que o relator devia tão somente preencher os claros e os dados faltantes como que seguindo um roteiro básico. O relatório padrão sugeria pois, que fossem preenchidas informações tais como: data, número de contrato, pessoas que participaram da inspeção, quilometragem de inicio e fim do uso do carro, ocorrência de chuvas, temperatura local, as plantas e mapas que orientaram os levantamentos etc., etc. É, dificilmente alguma coisa escaparia.

John terminou rápido seu relatório, anexando suas fotos e colocando tudo o que medira, registrara e anotara. O relatório dele ate que ficou bom. Quanto ao meu, bem ... decidi começar a escrevê-lo em casa, depois que as crianças dormissem.

Não escrevi o meu relatório, escrevi esta crônica.

Continuação: Medição de vazão no Rio Quebó



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

PRODUTIVIDADE

PRODUTIVIDADE

“A Produtividade de um sistema organizacional é decorrente da eficiência e do rendimento da mão-de-obra direta envolvida na execução da tarefa.”



Na década de 70, iniciamos uma análise na produtividade da mão de obra envolvida, em algumas tarefas essenciais na Empresa de Saneamento, priorizando aquelas em que se concentravam o maior numero de operários. O primeiro grupo a ser avaliado foi os de OPERADORES DE RESERVATÓRIOS, sim isto mesmo que leram, e esta função existe até os dias de hoje, onde um grupo de profissionais se reveza para não deixar o reservatório extravasar, e ligar e desligar as bombas em horários programados; como se tratava de um “desperdício de mão de obra” iniciamos um trabalho de controle automatizado destas funções, que o tempo encarregou de deteriorar, e foi abandonado por falta de interesse e manutenção. Cuidar de Reservatórios é um trabalho entediante, e que leva a muito sono, além de que os profissionais envolvidos podem ser mais bem aproveitado e conseqüentemente melhor remunerado.


Outra função com grande numero de profissionais, é a de ENCANADORES, que operavam da seguinte forma: Um grupo que coubesse em um caminhão saia para o trabalho todos os dias a partir das 8:00h, e eram deixados em pontos distintos em função de cada tarefa, esses grupos eram constituídos em geral de um Encanador e um Servente, que eram recolhidos ao final da manhã, para almoçarem em sua base de trabalho. Neste método de trabalho o primeiro grupo que chegava, realizava o trabalho em alguns minutos, sentava na calçada e perdia-se precioso tempo de uma mão de obra importante para a Empresa, pois havia mais passeio com deslocamentos do que com efetivo serviço. A solução foi copiada da Sanepar, que foi a pioneira em criar equipes dimensionada para cada tipo de serviço, assim como viaturas apropriadas a estas atividades.
   Viatura com um encanador/motorista e um auxiliar, realizam 90% dos serviços de campo.



São inúmeras as situações em que a mão de obra, tem um aproveitamento improdutivo, e sem controle, gerando assim profissionais desmotivados, pois tanto faz a sua perseverança ou não, que o seu salário será sempre o mesmo; Instituímos então um bônus produtividade, durou enquanto os membros das áreas meio resolveram buscar o mesmo beneficio; afinal o operador é público. Em uma Empresa de saneamento o esforço deve ser concentrado nas áreas “fins”, e devem ser apoiadas pelas áreas “meios”. Assim teremos uma empresa produtiva, e com reais benefícios ao publico usuário dos serviços.

Infelizmente o poder público é ineficiente quando o assunto é produtividade, agilidade, e interesse coletivo, dando margem a que em uma transição entre poderes, a iniciativa privada melhore acima de 30% em todos os aspectos o desempenho da empresa, apenas com medidas administrativas.

A gestão da empresa concedida, não é uma questão de quem faz melhor, e sim a de quem pode fazer melhor e sem restrições. Nestas condições são reduzidos os custos operacionais, melhorado os serviços, e conseqüentemente a arrecadação, o que permite ter uma Empresa com uma TIR, superior a da empresa pública, e praticar uma tarifa igual ou inferior a em vigor.

Baixa Produtividade tem como conseqüência retrabalho, e dinheiro no ralo

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Existem duas formas de gerenciamento de um sistema de abastecimento de água, sendo o primeiro no escuro, e o segundo de forma automatizada.

a) Gerenciamento no escuro:

Neste modo de gerenciar, o achismo é preponderante, assim como a participação do usuário do serviço que “chia” quando as coisas vão mal, e a falta d’água ocorre em sua residência.

 
Administrar um sistema de abastecimento de água no escuro, é possível em pequenas localidades, com um único sistema de reservação, dois setores de abastecimento, e onde um vazamento não tem duração que prejudique o sistema. Porém nos grandes centros distribuidores, a ausência de controle conduz a extravasamentos de reservatórios, falta d água em setores que serão descobertos quando o “estrago” já é muito grande, gerado pela extensão do tempo de duração entre uma falha no sistema e a ausência total de água nos reservatórios domiciliares.

Um dos grandes problemas dos sistemas com expansão de redes no modo “quebra galho”, é o elevado diferencial de pressão entre setores de abastecimento, com prejuízo para o sistema de medição, alem de rompimentos de redes, por golpe de ariete em manobras de redes.

a) Gerenciamento Informatizado:

Dentre as propostas de melhorias de gerenciamento operacional, com o objetivo de reduzir perdas, e disponibilizar o produto sem necessidade de investimentos expansionistas, a AUTOMAÇÃO é a tecnologia que vem sendo aplicada no saneamento de forma produtiva, e com elevado relação custo x beneficio. Pois os investimentos na aplicação da automação, se justificam pelos resultados de melhoria no sistema de abastecimento, pois todo controle se dá em tempo real, além da redução do custo operacional.

Em um sistema com gerenciamento no “escuro”, quando o responsável pelo abastecimento de água da cidade é alertado por uma notificação do consumidor que está faltando água no bairro lagoa azul, no setor sul da cidade, a sua primeira providencia é enviar uma equipe para inspecionar o booster que alimenta o setor com falta d’água, e daí por diante é uma insana procura, por uma causa, que geralmente é, uma falha elétrica, uma falha mecânica, ou um rompimento, ou entupimento de rede pelo bloqueio de uma cunha de registro avariado, gasta-se com este procedimento um elevado tempo, e um desgaste com o público consumidor, que não aceita ficar sem água, que ocorre nos momentos em que ele mais precisa, exigido do mesmo uma despesa adicional com a aquisição de caminhões pipa.

Em um sistema Automatizado, com um investimento inferior a R$ 10.000,00 o sistema de controle estaria monitorando em tempo real, a pressão em um ponto critico do bairro lagoa azul, assim como o estado de funcionamento do Booster responsável pelo seu abastecimento, e ocorrendo uma ausência de energia, uma falha mecânica, ou um rompimento de rede, um sistema de alarme é acionado, e a equipe de manutenção é deslocada para fazer o reparo em tempo Record, e o usuário do sistema nunca irá perceber a falha, pois não haverá tempo de secar a sua caixa d água.

Observe a sobrecarga do custo da empresa que opera no escuro, deslocando pessoal, perdendo precioso tempo, e comprometendo o índice de atuação da empresa.

Por comando realizados por telemetria, várias unidades da empresa são monitoradas a partir de um único centro de controle, e os resultados positivos obtidos são notadamente visíveis em relação a redução de perdas, de custos operacionais, e de benefícios ao público consumidor.

Dentre estes controles é sugerida uma implantação progressiva, com destaques para os seguintes controles em regime prioritário:



a) Controle operacional de booster (Tempo de funcionamento, Liga/desliga, energia, pressão de trabalho, invasão)

b) Controle de pressão em pontos estratégicos da rede de distribuição (Pressão mínima, alarme, e máxima)

c) Controle de níveis dos centros de reservação (Nível mínimo, alerta, extravasamentos)

d) Instalação de válvulas de controle em pontos estratégicos da rede (Pressão, vazão)

 
beneficios imediatos com a automação
 
 Otimização de mão-de-obra e valorização do operador;



 Sistema livre de pagamento de taxas mensais / anuais;


 Economia de Energia através da otimização da operação;


 Monitoramento on-line 24h/dia;


 Análises de possíveis falhas;


 Menor custo de implantação;


 Maior flexibilidade de interfaceamento com painéis existentes;


 Diagnóstico por setores;


 Controle integrado;


 Sistema automatizado;


 Controle através de sistema supervisório;


 Manipulação de grandezas a distância;


 Outros.

Em suma, uma empresa que “opera no escuro”, tem um elevado custo operacional, representado pelo excesso de pessoal, elevado desperdício de energia, e custos de manutenção.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

TARIFA DE EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS DE ÁGUA & ESGOTO

Sempre que lemos na mídia, o maior argumento dos contrários a participação da iniciativa privada na gestão dos Sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário é a tarifa que será cobrada, argumentando que não poderá ser suportada pelos clientes do serviço.

A legislação desta matéria é antiga e nos remete ao ano de 1.995, com a lei 8.987 de 13/02/1.995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, assim em seu Art. 6o temos:

Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

(Modicidade da tarifa é uma tarifa acessível para todos os cidadãos, isto é, para que com o salário mínimo se consiga pagar a água consumida).

Para garantia desta condição a lei em seu Art. 9o esclarece:

A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.

Portanto tudo começa no edital de convocação para participação no processo licitatório, neste momento o Poder executivo fixa a tarifa inicial, que é denominada TRA, e TRE (Tarifa Referencial de Água e Tarifa Referencial de Esgoto respectivamente), e o que se pratica historicamente é a manutenção da tarifa vigente na data da licitação, ou seja, a tarifa só poderá ser reajustada a partir de um ano de serviço concedido, e por meio das regras que devem ser cristalinas no edital.

Historicamente a tarifa tem uma regra composta por uma “cesta” de insumos onde estão presentes os seguintes custos:

- Salários dos empregados

- Energia elétrica

- Produtos Químicos

- Insumos de manutenção do sistema, representado pelo IGPM



Portanto fixado a tarifa inicial, que em Cuiabá seria igual a 1,99/m³, (TRA=1,99) depois de decorrido um ano de vigência desta tarifa deve-se fazer uma avaliação da variação dos custos dos insumos da “cesta”, e definir o valor do índice de reajustamento da tarifa que deverá ser suficiente para a garantia de um serviço adequado por mais um período de 01 ano. Esta nova tarifa deve ser avalizada pela Agencia Reguladora e homologada pelo executivo municipal que é o titular dos serviços.

Portanto se o mercado permanecer estável, obviamente que não haverá significativo impacto da tarifa, é uma regra de mercado necessária para que o investidor possa garantir os compromissos contratuais com o equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão.

Existe uma regra que não pode ter a tarifa como um impedimento de avanços na gestão dos serviços de água e esgoto, em diversas regiões do país onde o poder público mostra-se ineficiente, e irá demorar séculos para garantir um serviço adequado a sociedade. Não se pode avaliar uma concessão apenas pela ótica da tarifa que é controlada pelo poder público e pela sociedade representada pela agencia reguladora. O que não ocorre com as empresas com gestão pública, que ausentes de controle regulador, praticam uma das maiores tarifas entre as empresas prestadoras de serviço de água e esgoto de MT.

A água tratada é um produto industrializado com elevado custo em sua produção, devendo ser vendida a semelhança da energia, do gás, e de outros bens de consumo. Para o uso essencial uma familia necessita de um volume mensal inferior a 20.000 l durante um mês. O que  resultará em uma conta de R$ 44,20 em Cuiabá, que deverá ser paga sob pena de cobrança judicial, pois afinal o cidadão beneficiou-se de um bem industrializado que é vendido com entrega a domicilio.
 
não há espaço portanto para filantropia neste segmento, exceto a tarifa social que previlegia os clientes de baixa renda que se enquadram em uma condição regulamentada pela empresa prestadora de serviço, que deve utilizar-se de todos os meios para garantir a receita necessária para continuar prestando um serviço adequado a população.
 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ÁGUA UMA DÁDIVA DIVINA – Parte 2

Fonte: Rio Cuiabá

O Rio Cuiabá transporta em seu curso 100.000 litros de água por segundo, quando do período de estiagem. Esta quantidade de água é um presente divino para todos os seres humanos que habitam o planeta terra, e se concentram nas regiões do vale do Rio Cuiabá, como Nobres, Rosário Oeste, jangada, Acorizal, Guia, Cuiabá, Várzea Grande, Santo Antonio e Barão de Melgaço. Esta água é gratuita, e regulamentada pelo Governo Federal por meio da Lei 9.433/97 denominada lei das águas, que em seu Artigo Primeiro já define:

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

Na secção IV, a lei trata DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS

Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;

II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

RESUMINDO:

1. A água é um presente de Deus

2. O governo federal legisla o seu Uso pela lei 9.433/97

3. A água que as empresas utilizam em seu processo de produção não será gratuita, pois o governo federal irá cobrar uma cessão de uso.

Neste contexto vamos analisar duas importantes empresas que usam a água do Rio Cuiabá como matéria prima para o seu produto; a primeira é a AmBev, e a segunda é a Sanecap, ou DAE VG.

1 – A AmBev

A água é responsável por cerca de 90% da fórmula da cerveja. Para produzir 1 litro de cerveja é necessário, em média, de 10 litros de água.

Há dez anos, a empresa AmBev, trabalha para melhorar seu processo e consumir menos água. No ano passado, conseguiu em algumas fábricas ultrapassar o benchmark mundial de consumo, de 3,75 litros de água para cada litro de cerveja produzido. Em 2006, a unidades de Curitiba atingiu o índice anual de 3,49 litros de água por litro de cerveja. Foi uma evolução rápida. Em 2001, a quantidade de água usada pela AmBev para produzir um litro de bebida era de 5,62 litros de água por litro de cerveja.

 
As fábricas da AmBev estabelecem metas de consumo de água para cada área de trabalho e procuram superá-las constantemente. As unidades realizam treinamentos internos para discutir com funcionários a importância da preservação ambiental e vistoriam os equipamentos para evitar vazamentos. Além disso, a AmBev faz um trabalho de reaproveitamento de água. O que é usado em serviços como lavagem de tanques, garrafas e limpeza em geral é reutilizada, por exemplo, para regar plantas. A água que resfria algumas das máquinas também não é desperdiçada, sendo reutilizada em outros processos.

Há alguns anos, percebemos que a máquina que lavava as garrafas funcionava ininterruptamente. Bastou alterar o sistema, de maneira que ele não funcionasse entre uma garrafa e outra. A economia chegou a 38% do que anteriormente era gasto. Uma medida simples, mas bastante eficiente. (Fonte: Revista ÉPOCA)

Resultado: A indústria de Cerveja consegue reduzir o seu custo de produção, suas perdas, e assim coloca um produto no mercado com preço competitivo.

Fluxograma de produção da Cerveja:


Água Bruta no Rio Cuiabá---Captação no Rio Cuiabá---Transporte da água Bruta para a fábrica (ETA)---Tratamento da água bruta----Adição de Componentes ---Produto final: Cerveja

2 – As Empresas de Saneamento

A ÁGUA BRUTA é responsável por 100% da fórmula da água tratada. Para produzir 1 litro de água tratada é necessário, em média, de 1,10 litros de água bruta.

Fluxograma de produção da Água Tratada:

Água Bruta no Rio Cuiabá---Captação no Rio Cuiabá---Transporte da água Bruta para a fábrica (ETA)---Tratamento da água bruta----Adição de Componentes ---Produto final: Água Tratada

No processo de produção de água tratada existe um elevado custo envolvendo; Pessoal, energia, instalações, produtos químicos, manutenção de equipamentos, etc....temos portanto um produto industrializado que será disponibilizado para venda.

Na composição do preço de venda todos os itens de produção devem ser contemplados, com uma parcela proporcional a sua participação no custo, o que na atualidade é de R$ 1,99 o preço de cada 1.000 litros entregue a domicilio pela Sanecap aos seus usuários que consomem até 10.000 l por mês, elevando-se a R$ 13,44 para cada 1.000 litros para consumos acima de 30.000 l por mês.

A partir do instante em que a Indústria de água tratada, ou a de Cerveja, transforma a matéria-prima que é a água bruta do Rio Cuiabá, em produtos, que em seguida serão comercializados tendo utilizado um elevado capital neste processo produtivo, este produto deixou de ser dadiva divina para compor um item de consumo industrial.

Historicamente as Empresas de saneamento não acompanham o crescimento das cidades, e não garantem a universalização do Serviço de entrega a domicilio de água tratada, não evoluíram em atualizar a tecnologia de seus serviços, bem como são irregulares na distribuição, o que significa a não prestação de UM SERVIÇO ADEQUADO a população das Cidades em que atuam. Compromete ainda o serviço a elevada perda entre o processo de produção e venda, atingindo valores próximos de 60%. Na AmBev este valor conduziria à empresa a falência, pense em produzir 100 litros e só vender 40 litros, esta é a realidade das empresas de saneamento.

No tocante a Tarifa de água tratada, em sua composição não está inserida os recursos necessários para INVESTIMENTOS, assim as empresas de saneamento não tem capacidade de capitalizarem para promover os investimentos necessários a universalização dos serviços, implicando na necessidade de recursos externos, quer seja da iniciativa privada, ou pública por meio de financiamentos ou emendas.

Resultado: O SERVIÇO ADEQUADO, que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas, fica impossível de serem alcançadas, com recursos advindos exclusivamente de tarifas, e assim as empresas estarão sempre defasadas em relação às necessidades básicas do publico consumidor.

                                                                       Gambiarras em áreas desprovidas de redes de distribuição




domingo, 31 de julho de 2011

ÁGUA PARA TODOS

ÁGUA PARA TODOS


O DECRETO Nº 7.535 DE 26 DE JULHO DE 2011, Institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água, denominado - “ÁGUA PARA TODOS”. leia na integra

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o Fica instituído o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água - “ÁGUA PARA TODOS”, destinado a promover a universalização do acesso à água em áreas rurais para consumo humano e para a produção agrícola e alimentar, visando ao pleno desenvolvimento humano e à segurança alimentar e nutricional de famílias em situação de vulnerabilidade social.

Parágrafo único. O Programa “ÁGUA PARA TODOS” será executado, no que couber, em conformidade com as diretrizes e objetivos do Plano Brasil Sem Miséria, instituído pelo Decreto no 7.492, de 2 de junho de 2011.

Art. 2o O Programa “ÁGUA PARA TODOS” observará as seguintes diretrizes:

I - priorização da população em situação de extrema pobreza, conforme definido no art. 2o do Decreto no 7.492, de 2011;

II - fomento à ampliação da utilização de tecnologias, infraestrutura e equipamentos de captação e armazenamento de águas pluviais;

III - fomento à implementação de infraestrutura e equipamentos de captação, reservação, tratamento e distribuição de água, oriunda de corpos d’água, poços ou nascentes e otimização de seu uso; e

IV - articulação das ações promovidas pelos órgãos e instituições federais com atribuições relacionadas às seguintes áreas:

a) segurança alimentar e nutricional;

b) infraestrutura hídrica e de abastecimento público de água;

c) regulação do uso da água; e

d) saúde e meio ambiente.

Art. 3o Os Estados e o Distrito Federal poderão participar do Programa “ÁGUA PARA TODOS” mediante celebração de termo de adesão.

§ 1o Para a execução do Programa “ÁGUA PARA TODOS” poderão ser celebrados, ainda, convênios, termos de cooperação, ajustes ou outros instrumentos congêneres, com órgãos ou entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, na forma da legislação vigente.

§ 2o A celebração dos instrumentos de colaboração de que trata o § 1o obedecerá a planejamentos plurianuais, bem como a disponibilidade orçamentária e financeira.

Art. 4o O Programa “ÁGUA PARA TODOS” contará com um Comitê Gestor composto pelos representantes dos seguintes Ministérios, na forma a seguir apresentada:

I - Ministério da Integração Nacional, pelo titular da Secretaria de Desenvolvimento Regional, que o coordenará;

II - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, pelo titular da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;

III - Ministério das Cidades, pelo titular da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental;

IV - Ministério do Meio Ambiente, pelo titular da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano; e

V - Ministério da Saúde, pelo presidente da Fundação Nacional de Saúde.

Art. 5o Ao Comitê Gestor do Programa “ÁGUA PARA TODOS” compete:

I - coordenar iniciativas e articular as ações no âmbito do Programa “ÁGUA PARA TODOS”;

II - definir as metas de curto, médio e longo prazo do Programa;

III - discutir e propor aperfeiçoamentos nos planos operacionais dos órgãos e entidades federais responsáveis pela execução de ações no âmbito do Programa;

IV - estabelecer metodologia de monitoramento e avaliação da execução do Programa; e

V - avaliar resultados e propor medidas de aprimoramento do Programa.

Art. 6o O Programa “ÁGUA PARA TODOS” contará com um Comitê Operacional composto por um representante titular e um suplente de cada um dos Ministérios que compõem o Comitê Gestor.

§ 1o Os representantes do Comitê Operacional serão indicados pelos titulares dos órgãos integrantes do Comitê Gestor e designados pelo titular do Ministério da Integração Nacional.

§ 2o Caberá ao Comitê Operacional:

I - avaliar e apresentar ao Comitê Gestor propostas dos órgãos e entidades parceiras do Governo Federal no cumprimento das metas do Programa;

II - avaliar e apresentar ao Comitê Gestor propostas de distribuição territorial das metas necessárias à garantia do acesso à água;

III - avaliar e apresentar ao Comitê Gestor demandas por diagnósticos e estudos que auxiliem o Governo Federal na elaboração de políticas e ações necessárias à oferta de água e atendimento da demanda;

IV - avaliar e apresentar ao Comitê Gestor relatórios e informações necessárias ao cumprimento das ações no âmbito do Programa;

V - acompanhar as ações dos órgãos e entidades parceiras do Governo Federal em seus respectivos territórios; e

VI - apresentar ao final de cada exercício fiscal, para avaliação e deliberação do Comitê Gestor, o plano de ação integrada para o exercício seguinte, acompanhado de relatório de avaliação e execução das ações desenvolvidas no exercício anterior.

§ 3o A coordenação do Comitê Operacional caberá ao Ministério da Integração Nacional.

Art. 7o O apoio administrativo e os meios necessários à execução dos trabalhos do Comitê Gestor e do Comitê Operacional serão prestados pelo Ministério da Integração Nacional.

Art. 8o Poderão ser convidados a participar das reuniões do Comitê Gestor e do Comitê Operacional representantes de outros órgãos e entidades da administração pública e da sociedade civil.

Art. 9o A participação no Comitê Gestor e no Comitê Operacional será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada.

Art. 10. A execução das ações do Programa “ÁGUA PARA TODOS” observará planos anuais de ação integrada que conterão as metas, os recursos e as respectivas ações orçamentárias.

Art. 11. As despesas com a execução das ações do Programa “ÁGUA PARA TODOS” correrão à conta das dotações orçamentárias consignadas aos órgãos e entidades envolvidos na sua implementação, observados os limites de movimentação, empenho e pagamento da programação orçamentária e financeira anual.

Art. 12. Para o exercício de 2011, o Comitê Operacional deverá apresentar o plano de ação integrada de que tratam o inciso VI do § 2o do art. 5o, e o art. 9o, no prazo de trinta dias após sua instalação.

Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Brasília, 26 de julho de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

DILMA ROUSSEFF

Tereza Campello

Fernando Bezerra Coelho

terça-feira, 19 de julho de 2011

O JECA TATÚ MODERNO

O JECA TATÚ MODERNO



No passado era o Amarelão, que constituía um desafio para a Saúde Pública, os preguiço da época tinham na figura do Jeca tatu, a imagem representativa da características das pessoas que conviviam com a ausência do Saneamento Básico.

As Cidades cresceram, e o campo encolheu, a periferia dos grandes centros foram sendo ocupada sem nenhum planejamento, e a infra estrutura urbana nunca foi possível de atender a demanda, sendo que em alguns casos pela ilegalidade das posses, e em outras pela insuficiência de recursos do Poder Público.

Porém a vida continua com ou sem infraestrutura, sendo que para a iluminação recorrem-se as “gambiarras”, e quando não se consegue drenar água de uma canalização oficial, resolve-se o problema com poços comunitários, muitas das vezes muito rasos, ou em áreas adensadas, com proximidades de contaminação do lençol freático.

Cenario 1 – Acima do Solo

Uma cidade muito bonita, com edifícios que se negam a usar água da concessionária, e perfuram poços “Artesianos” (Sic), Cemitérios abarrotados, e com vagas só no terceiro andar, postos de combustíveis, lixos, e shoppings obviamente.

    Cuiabá Cidade Verde
 
Cenario 2 – Abaixo do Solo

A cidade de Cuiabá possui uma drenagem privilegiada, com córregos que drenam bacias bem caracterizadas, como as da Prainha, Gambá, Mané Pinto, Barbado etc., e neste cenário com a ausência de redes coletoras de esgoto, convivemos com um lençol de efluentes de esgoto, estamos em cima de um verdadeiro “Mar de Merda” no linguajar Cuiabano do professor Guilherme Muller. E este cenário se repete em todos os pequenos, médios e grandes centros urbanos, onde a coleta e tratamento de esgoto, sempre foi um assunto de segundo plano. Já ouvimos comentários do Tipo: “ Se está bom com fossas, porque mudar?”, concordo está bom para os leigos que desconhecem o potencial contaminante de uma substancia que iremos comentar.


O Vilão: Nitrato

O Nitrato é considerado um dos contaminantes de ocorrência mais comum em águas subterrâneas. A água só é considerada potável quando a concentração dessa substância é inferior a 10 mg por litro. O nitrato chega aos poços e aquíferos principalmente em decorrência da falta de redes de esgoto. A população utiliza fossas sépticas, onde a substância é produzida durante os estágios finais da decomposição do material biológico. O nitrato penetra no solo e chega ao lençol freático.

No site do Instituto do Câncer (www.inca.gov.br) e estudos da literatura médica alertam:

A Ingestão de água proveniente de poços com alta concentração de nitrato está relacionada à maior incidência de tumores gástricos.

Outra doença tambem relacionada ao consumo excessivo de Nitrato é a Metamoglobinemia, conhecida como Síndrome do Bebê Azul, Essa síndrome também é conhecida como tetralogia de Fallot, ou seja, o coração da criança apresenta 4 características básicas:

1) defeito do septo ventricular ( o coração apresenta 4 câmaras, esse septo separa os ventrículos direito e esquerdo que possuem uma musculatura mais desenvolvida e são capazes de impulsionar o sangue para os pulmões e para o resto do corpo, respectivamente)

2) estreitamento da valva pulmonar ( por onde passa o sangue que vai para os pulmões ser oxigenado)

3)aorta deslocada

4)espessamento da parede do ventrículo direito ( de tanto trabalho que o ventrículo faz para fazer o sangue passar para os pulmões pela valva que está estreitada, ele acaba tormando-se mais espesso e forte)

Logo, há uma grande dificuldade de tornar esse sangue do bebê oxigenado, com isso os tecidos acabam ficando pouco oxigenados e o bebê adquire uma cor arroxeada ( cianose) e sofre de falta de ar.




Em alguns lugares, essas águas "naturais" do Sub solo já se tornaram impróprias ao consumo, especialmente para o recém-nascido, sendo um dos exemplos mais marcantes o da cidade de Natal RN

Tribuna do Norte - RN

“ Durante os últimos dez anos 38 poços tiveram de ser desativados em Natal, por conta da alta concentração de nitrato registrada nas águas retiradas dessas fontes. Uma das saídas encontradas pela Caern para impedir que o fechamento atingisse os demais 119, resultando na escassez de água potável para a população da capital, foi a construção de duas adutoras: do Jiqui e do Rio Doce”

“ De acordo com a promotoria, a falta de saneamento na região fez com que poços que apresentavam 1,0 mg/l de nitrato, em 2004, hoje registrem até 5,4 mg/l”
 

É obvio que não se pode generalizar, pois em Natal existe uma situação atipica, onde o aquífero não tem uma proteção argilosa que costuma separar o lençol freático do aquífero confinado. Dessa forma, tudo o que se despeja no subsolo acaba se espalhando por todo o aquífero e atingindo as camadas mais profundas de onde se retira água para consumo humano, o problema é que na ansia de resultados muitos poços nas grandes cidades são perfurados, e explorados em niveis acima do aquifero confinado, ou seja no “mar de merda”

A Gravidade do problema da ausência de tratamento de Esgoto, atinge a nossa, reserva natural de água doce, O AQUIFERO GUARANI, veja postagem da revista DAE,

13 de Julho de 2011
Reserva de água abaixo de São Paulo corre risco de contaminação

O aqüífero Guarani, a segunda maior reserva subterrânea de água doce do mundo, corre sérios riscos de contaminação. Esta é a conclusão de um estudo de campo realizado por técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo (IPT).

Concluindo: Verifique a quantidade de Nitrato na água que está consumindo, pois quanto maior a sua dosagem, significa água com alta concentração de poluição......e conseqüentemente risco a sua saúde, e a de sua família, e se o consumo for durante a gravidez, o cuidado deve ser redobrado.

terça-feira, 12 de julho de 2011

CANTEIRO BIOSÉPTICO



CANTEIRO BIOSÉPTICO


http://www.youtube.com/watch?v=nhz0qzDVLkc

(tecnologia finalista no prêmio Tecnologia Social 2009 promovido pela Fundação Banco do Brasil).


Conhecida popularmente por “fossa de bananeiras”, é uma técnica de tratamento de efluentes domésticos desenvolvida pelo Ecocentro IPEC para solucionar o problema da poluição existente em zonas urbanas e periféricas com os efluentes dos sanitários convencionais jogados em ‘sumidouros’. Vale lembrar que, em comunidades com mais de 500 habitantes/km2, a biologia do solo não consegue realizar a eliminação completa de patógenos e, particularmente onde o lençol freático está próximo da superfície, o problema pode chegar a sérios riscos para a saúde pública. Por isso, o canteiro bio-séptico é uma opção segura, barata, bonita e sustentável ao saneamento básico.



Funcionamento


Ele é facilmente construído com materiais prontamente disponíveis no mercado e de baixo custo. Uma escavação de 1m X 1m X 4m é feita em nível no terreno e esta vala é repetida paralelamente. Dentro da vala é construída uma câmara para receber os efluentes e a construção é feita de com tijolos de 6 furos, tijolos maciços e meias-manilhas de concreto, de forma a receber os efluentes para um tratamento biológico híbrido.



O tratamento híbrido - O efluente é digerido anaerobicamente pelos micro-organismos presentes. Na medida em que o nível aumenta, o líquido alcança os furos dos tijolos e sai para uma segunda câmara preenchida com material poroso, como argila expandida, e propicia a digestão aeróbica da matéria orgânica e mineral. Nos quinze centímetros superiores da vala são plantadas bananeiras e outras plantas hidrófilas que fazem a evaporação do líquido remanescente.

Não há efluentes e as plantas produzem alimento de ótima qualidade.

As fossas sépticas largamente utilizadas na maioria das residências, apenas removem os sólidos, sem eliminar a contaminação por patógenos humanos. Elas precisam ser esvaziadas regularmente, e quando isto não ocorre a qualidade das águas subterrâneas fica comprometida.

No canteiro bio-séptico o funcionamento é diferente. Ele é um sistema completo, que associa a digestão anaeróbica (sem presença de oxigênio) a um canteiro séptico que digere toda a matéria orgânica na zona de raízes das plantas em conjunto com micro-organismos aeróbicos (com a presença de oxigênio). A água é evapo-transpirada, eliminando totalmente qualquer tipo de resíduo, além de produzir biomassa viva, inclusive frutos!

O plantio de espécies que gostam de muita água deve ser feito imediatamente. Estas plantas podem ser bananeiras, taiobas, bambus, entre outras.

Não plante nenhum alimento de raiz, como mandioca ou batata doce, pois os tubérculos estariam em contato com o efluente e não são comestíveis.

Os frutos (bananas, por exemplo) podem ser comidos, pois não existe perigo de contaminação.

Lembre-se que é necessário regar estas plantas até que estejam bem estabelecidas, mesmo que o sistema entre em funcionamento imediatamente, pois é necessário um tempo até que o líquido do esgoto alcance o nível das raízes.

O canteiro bio-séptico funciona como uma horta, porém recebe água de baixo para cima. Quando esta água (o esgoto) é pouca, é necessário regar para não deixar as plantas morrerem.

O resultado é um sistema sem efluentes, pois toda a água é absorvida e evaporada pelas plantas enquanto a matéria sólida (0,1% do volume total) é transformada em minerais inertes, que são alimentos para as plantas. É assim que a natureza sempre trabalhou para limpar a água poluída.

A presença de minhocas e outros organismos do solo, como cascudos e insetos, não se assuste, isto é sinal de que o seu sistema de tratamento está funcionando muito bem e o solo está ficando mais fértil! Estes organismos auxiliam na digestão.

Fonte: (tecnologia finalista no prêmio Tecnologia Social 2009 promovido pela Fundação Banco do Brasil).

segunda-feira, 4 de julho de 2011

SANEAMENTO NO TEMPO DO JECA TATÚ

SANEAMENTO NO TEMPO DO JECA TATÚ
Ano – 1.920

Cenário: Esgoto a céu aberto, escorrendo nas ruas


Sanitários: Privada – Latrina – Pé de Bananeira


Apesar de um crescimento exponencial, nas regiões de garimpo, já havia por parte dos desbravadores, uma visão urbanística e as cidades eram projetadas no estilo nordestino, em razão da maioria dos desbravadores de mato grosso serem oriundos, da Bahia, Maranhão, nordeste de Minas..... as ruas eram estreitas, as casas geminadas “de parede e meia” e os terrenos geralmente estreitos e compridos, em média de 8 a 10 m de largura por 30 a 40 m de comprimento, e neste espaço eram edificados a residência, a privada, a cisterna, e outras instalações para lavagem de roupas e louças.



As cisternas possuíam profundidades de até 15,00 e eram revestidas com tijolos, na sua parte mais inconsistente de solo, porém como eram construídas em proximidades inferiores a 10,0m das fossa estas acabavam contaminando de forma imperceptível a fonte de água da residência.

Neste cenário surgiram varias doenças, porém a que mais chamou atenção dos sanitaristas foi o amarelão, decorrente de duas espécies de vermes, o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus, e que ainda parasitam cerca de 900 milhões de pessoas no mundo e matam 60 mil anualmente. O Ancylostoma duodenale adulto possui de 8 a 18 mm de comprimento e de 400 a 600 mm de largura. O Necator americanus pode medir de 5 a 11 mm de comprimento e de 300 a 350 mm de largura.

Após a cópula, as fêmeas desses nematelmintos liberam ovos no intestino delgado humano, que são eliminados junto com as fezes. No solo e em condições adequadas, como boa oxigenação, alta umidade e temperatura elevada, dos ovos sairão larvas que, após várias transformações, alcançarão um estágio infectante. Nessa forma, poderão penetrar pela pele, conjuntiva, mucosas ou por via oral, quando houver a ingestão de alimentos ou água contaminados. A penetração da larva na pele causa uma sensação de “picada”, com aparecimento de vermelhidão, prurido e inchaço (edema) na região. Desse local ela vai para a corrente sanguínea e leva alguns dias sofrendo várias transformações, até alcançar o intestino delgado. Nessa região atingirá o estágio adulto tornando-se capaz de copular e liberar ovos. A infecção provoca dor abdominal, perda do apetite, náuseas, vômitos e diarréia, que pode ser ou não acompanhada de sangue. Também pode causar anemia, visto que, no intestino delgado, os adultos dessa espécie também aderem à mucosa intestinal e alimentam-se intensamente do sangue do hospedeiro. A ancilostomose ocorre preferencialmente em crianças com mais de seis anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos.



Neste cenário dois fatos merecem destaques:

• O primeiro protagonizado por Monteiro Lobato, que tendo que enfrentar a vida no campo, em decorrência de uma herança recebida, conviveu com uma população, anêmica, e preguiçosa, que foi motivo de muitas criticas de sua parte, até perceber que as pessoas não eram assim, estavam assim, por conta de uma grave doença causada pela ausência do saneamento básico; iniciava neste instante uma grande campanha cujo personagem principal era o Jeca Tatú, e o objetivo era a prevenção contra o Ancylostoma duodenale e o Necator americanus que são espécies aparentadas de vermes parasitas nematelmintos, com corpos filiformes e fêmeas (com até um centímetro) maiores que machos. As suas extremidades anteriores têm a forma de um gancho, especialmente nos Necator, e possuem boca armada com placas ou espinhos duros e bastante resistentes.


                                                            Necator Americanus




  • O segundo fato, é protagonizado pela FSESP Fundação de saude Publica, que hoje evoluiu para a atual Funasa, que tinha como foco a prevenção, que constituia em:

PREVENÇÃO

• Utilização de calçados (sapato ou sandália), evitando o contato direto com o solo contaminado;

• Fornecimento de infra-estrutura básica para a população, proporcionando saneamento básico e condições adequadas de higienização;

• Ter o máximo de cuidado quanto ao local destinado ao lazer das crianças, pois acabam brincando com terra;

• Educação da comunidade, bem como o tratamento das pessoas doentes

Nesta epoca, (Década de 50), a FSESP utilizava de uma grande estratégia, para resolver o problema de falta de recursos para o Saneamento Básico, e consistia em atuar junto a população buscando motivar a mão de obra gratuita, em regime de mutirão, o que era conseguido com a seguinte estratégia:

1. Convocação e reunião dos moradores para em praça publica, assisterim uma palestra, e alguns filminhos do Jeca Tatú.

2. Entrega de recipiente para coleta de fezes do mais idoso, e das crianças de cada residencia.

3. Marcavam uma próxima reunião pra uma data previamente agendada

4. Na data da segunda reunião, era mostrado a estatistica das análises de feses, e demonstrado aos pais que o destinoi das crianças estavam em suas mãos, devendo apoiar com a sua mão de obra, para realizar a implantação de projetos que invariavelmente, era a de captações em minas, e distribuição no centro mais populoso.

5. E obviamente, o objetivo era conseguido pois nenhum pai gostaria de saber que pela sua atitude em não colaborar e lacrar as cisternas, o seu filho poderi morrer ou ficar comprometido com a sua inteligencia.

Dai pra frente era uma manutenção com um potente lombrigueiro....



SANEAMENTO ATUAL


Ano – 2.011

Cenário: Esgoto a céu aberto, escorrendo nas ruas

Sanitários: Privada – Latrina (Foram para dentro das residências, e ganharam status com “tronos” bem elaborados) – Pé de Bananeira, ainda continuam em algumas comunidades.



Na maioria das cidades, a solução com “agua encanada” já é uma realidade, mas o esgoto continua fluindo a ceu aberto pelas ruas, ou contaminando o lençol freatico que agora não mais é captadso pelos poços caseiros, mas sim pelos ribeirinhos localizados a jusante das cidades, somente afastamos o problema de nossos quintais e transferimos para o quintal de nossos vizinhos, não temos mais nenhum defensor do saneamento como o Monteiro Lobato, e continuamos sem recursos para o saneamento, e pior sem a mão de obra gratuita que assentava as tubulações;


Nos grandes centros temos ainda a figura dos “cidadões”, que se negam a ligar, a sua fossa na rede coletora, assim como se negam a pagar um custo necessário para o afastamento do esgoto e consequente tratamento, afinal o problema já passou para o quintal do vizinho, e seus filhos não terão nenhum contato com o esgoto.

Resultado: Vamos vivendo um Jeca melhorado


ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO

  ÁGUA CONTAMINADA EM BARÃO DE MELGAÇO   A notícia foi estampada em diversos jornais, água contaminada em Barão de Melgaço   A CAUSA: ...